Jesus revela a maravilhosa perspectiva que têm todos os que creem nele como Salvador. Enquanto a religião do homem coloca pesados fardos sobre seus seguidores e nunca lhes dá a certeza de coisa alguma, o evangelho indica claramente que a salvação vem pela fé em Jesus. Por isso, antes de falar do futuro eterno e seguro para os que creem nele, Jesus começa falando de fé:
"Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar".
Primeiro Jesus afirma que, se você crê nele pode viver tranquilo e confiante, sem medo de ter uma surpresa desagradável quando partir desta vida. Por isso preste muita atenção: Se você escutou um evangelho condicional, você não escutou o evangelho, cujo significado é "boas novas" ou "boa notícia".
O que é um evangelho condicional? É aquele que coloca condições para você ser salvo. É um evangelho que diz que o sacrifício de Cristo não foi suficiente para salvar você, e portanto não basta crer em Jesus e em sua obra na cruz. É um evangelho cheio de "Se isso..." e "Se aquilo...", tipo "se você perseverar", "se você for à igreja", "se você der o dízimo", "se você fizer isso...", "se você fizer aquilo...".
Oras, como alguém poderia chamar algo assim de "boa notícia"? Se eu sei que sou um pecador perdido -- que sou zero à esquerda aos olhos de Deus -- como esperar que eu faça alguma coisa para ser salvo? Como você poderia ter a certeza de todos os seus pecados pagos e do perdão completo de Deus, se no momento de sua conversão você recebesse uma lista de coisas que ainda estariam faltando fazer? Como Jesus poderia ter morrido gritando "ESTÁ CONSUMADO" ou "ESTÁ TERMINADO" se ainda restasse alguma coisa para você terminar?
Veja a ordem das coisas na passagem que citei: primeiro, não se perturbe o seu coração, simplesmente creia em Deus e em Jesus. Segundo, Jesus já foi preparar um aposento para você na casa do Pai no céu. E ele nos dá certeza disso ao afirmar: "Se não fosse assim, eu vo-lo teria dito". Bendita provisão! Jesus passou pela morte e ressurreição para preparar um lugar para você no céu!
Se o céu fosse um hotel cinco estrelas, a sua fé em Jesus seria a sua reserva, o sangue derramado na cruz a sua chave para entrar lá, e o Espírito Santo, que você recebeu no momento em que creu, a confirmação da reserva. O que falta agora? Aguardar o traslado até lá e fazer o check-in. Mas que traslado é esse? Posso lhe adiantar que será via aérea, mas vamos deixar isso para os próximos 3 minutos.
Depois de Jesus garantir aos seus discípulos que não deviam viver temerosos, pois ele iria preparar um aposento para eles no céu, ele revela o que deveriam esperar: "E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também". Portanto, se você já creu em Jesus, é por ele que deve esperar, e não pelo anticristo ou por alguma catástrofe mundial.
Sua promessa de nos levar para estar com ele é o arrebatamento da Igreja -- é diferente da "vinda de Cristo" para julgar o mundo, salvar Israel e iniciar o seu reino de mil anos. No arrebatamento Jesus vem para tirar os salvos do mundo; em sua vinda ele vem com os salvos arrebatados 7 anos antes. O arrebatamento é num "piscar de olhos", ou seja, rápido demais para ser visto; em sua vinda todo olho o verá.
No arrebatamento ele vem libertar a Igreja; na sua vinda vem libertar Israel. Noarrebatamento do seu povo celestial o encontro ocorre nos ares, entre nuvens; em sua vinda para Israel, o seu povo terreno, ele coloca os pés na terra, no Monte das Oliveiras. No arrebatamento é o próprio Jesus quem reúne os seus; em sua vinda ele envia os anjos para reunirem os eleitos de Israel.
No arrebatamento ele tira os crentes do mundo e deixa os ímpios; em sua vinda ele tira os ímpios do mundo para serem julgados e deixa aqui os que se converteram depois do arrebatamento, para participarem do seu reino de mil anos. Noarrebatamento ele vem para libertar os seus da ira vindoura; em sua vinda ele vem derramar sua ira. No arrebatamento ele vem como Noivo para buscar sua noiva, a Igreja; em sua vinda, ele vem como o Filho do Homem para julgar os que o rejeitaram.
No arrebatamento ele vem como a "Estrela da Manhã", que desponta pouco antes de raiar o dia, quando mundo ainda está em trevas; em sua vinda, ele vem como o "Sol de Justiça", que é o próprio raiar do dia. No arrebatamento ele vem de surpresa, sem aviso; sua vinda, porém, é precedida de muitos sinais, guerras e catástrofes.
Muitos cristãos hoje vivem na expectativa da vinda do anticristo e da grande tribulação, quando estes eventos somente ocorrerão depois do arrebatamento e antes da vinda de Cristo para reinar. Não havia nada que precisasse acontecer para Jesus cumprir sua promessa de nos levar para si. O próprio Paulo já esperava pelo arrebatamento em seus dias, e se incluía nele ao dizer "nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados... para encontrar o Senhor nos ares".
E você, está esperando por Jesus ou pelos acontecimentos que antecederão sua vinda para Israel? Seria muito estranho sermos arrebatados neste exato momento pelo Senhor Jesus e você ser pego de surpresa, por achar que o anticristo iria chegar primeiro.
Nos próximos 3 minutos Jesus revela o caminho para o céu.
Há dois mil anos o Império Romano dominava todo o Oriente Médio e parte da Europa, Ásia e Norte da África. Os romanos construíram uma rede de estradas que permitiam que suas tropas se deslocassem rapidamente para qualquer ponto do Império. Se alguém perguntasse como ir a Roma, a resposta seria: "Não se preocupe, escolha qualquer caminho porque todos caminhos levam a Roma". Mas e se alguém quisesse ir para o céu, será que podia escolher qualquer caminho?
Pouco antes de sua morte e ressurreição, Jesus diz aos discípulos: "Vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho". Tomé não entende. "Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?" Bem, hoje sabemos para onde Jesus foi depois de morrer e ressuscitar: ele foi para o céu. Portanto a primeira parte da dúvida de Tomé já foi resolvida. Falta resolver a segunda parte, que ainda é a dúvida de muitas pessoas: Qual é o caminho para o céu?
Assim como fizeram com Roma, os homens inventaram muitas estradas para o céu. Algumas são esburacadas, pois há quem pense que você só chega lá sofrendo muito aqui. Outras só têm o traçado -- caberá a você as boas obras que pavimentarão sua estrada. Há o caminho da reencarnação, mas nele você sempre volta ao ponto de partida, às vezes com um carro pior, se não dirigiu direito. Existem ainda os caminhos cheios de pedágios, para sustentar os pregadores que os criaram.
Será que me esqueci de algum caminho criado pelo homem? Com certeza. Eles são tantos que eu não conseguiria contar, mas nenhum deles garante o destino. Quer uma dica? Quando você é convidado para ir à casa de alguém, quem é a pessoa mais confiável para lhe indicar o caminho? Quem mora lá. Então vamos perguntar a Jesus qual é o caminho para o céu. Ele responde: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim".
Simples e direto. O caminho não é uma religião, não é uma igreja, não é uma filosofia, não é uma doutrina, não é o sofrimento, não são as boas obras, não é a guarda da Lei de Moisés, não são as ordenanças como o batismo ou a ceia do Senhor, e nem tampouco dízimos, ofertas ou contribuições. O caminho é uma Pessoa; o caminho é Jesus. Se você está em Jesus, você está no caminho, e o único acesso a este caminho é pela fé em Jesus e na única obra que foi necessária para pavimentar essa estrada: a morte e ressurreição do Filho de Deus.
Antes que alguém pergunte que mal há tomar algum outro caminho, Jesus responde:"Ninguém vem ao Pai, senão por mim". Se você considerar a resposta de Jesus pouco democrática para alguém moderno e esclarecido como você, fique à vontade. Escolha qualquer caminho que preferir ou achar mais adequado ao seu estilo. Você certamente chegará em Roma.
Se você usa óculos, já deve ter procurado por eles sem perceber que estavam bem no seu nariz. É o caso aqui, quando Filipe pede a Jesus: "Senhor, mostra-nos o Pai". Ele certamente se esqueceu do que Jesus dissera algum tempo antes: "Eu e o Pai somos um". Hoje todo cristão genuíno sabe que existe um só Deus em três Pessoas distintas -- Pai, Filho e Espírito Santo -- e que Jesus "é a imagem de Deus".
Você certamente conhece frases do tipo "é a cara do pai" ou "tal pai, tal filho". Também já deve ter identificado o filho de um amigo apenas pelo seu modo de ser. Mesmo que não fossem fisicamente idênticos, o modo de falar, olhar, andar e agir revela o parentesco. As palavras de Jesus a Filipe têm um tom de repreensão: "Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Filipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?".
Para nós hoje, falar de Deus como Pai pode parecer banal, mas naquela época jamais passaria pela cabeça de um judeu tratar o Criador com tamanha intimidade. Hoje costumamos dizer frases do tipo "eu também sou filho de Deus", embora isto só seja biblicamente verdadeiro para aqueles que nasceram de novo pela fé em Jesus. Para os demais, Deus continua sendo só o seu Criador.
No Antigo Testamento você encontra oito vezes Deus sendo chamado de "Pai", e mesmo assim apenas no sentido de Criador ou chefe do povo de Israel. No Novo Testamento o termo aparece 272 vezes com um sentido de intimidade que os judeus consideravam desrespeitosa e até blasfema. Às vezes Jesus utiliza a palavra "Aba", a mesma forma que era utilizada pelas crianças, algo como "Papai" hoje.
Filipe quer ver o Pai, ter um relacionamento íntimo com Deus, sem perceber que o Homem de carne e ossos que está bem em sua frente é um com o Pai. Na carta aos Hebreus, Jesus é descrito como "a expressa imagem" de Deus! Conhecer a Jesus é conhecer o Pai. Filipe tinha passado 3 anos com Jesus sem perceber que Jesus e o Pai são um único e mesmo Deus. E você, o quanto você conhece de Jesus?
Mas veja que interessante a segunda parte da pergunta de Filipe: "Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta". Eu e você já fizemos algum pedido do tipo "Senhor, faça tal coisa, porque isso é tudo o que eu quero". Ali está um homem que tem a companhia de Jesus o tempo todo e ainda acha que só será feliz se tiver algo mais. Não são poucas as vezes em que eu me encontro insatisfeito por achar que existe algo mais que Jesus possa me dar ou revelar.
Mas que insatisfação boba é essa! Se você já viu a Jesus com os olhos da fé, você viu o Pai. Se você tem o Filho de Deus, você tem o Pai! A questão é saber se você já nasceu de novo para poder chamar a Deus de "Pai" e viver satisfeito, como o salmista que diz: "A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti".
Nos próximos 3 minutos, será que você acredita em Jesus?
Há duas maneiras de você crer no que alguém diz: acreditando na pessoa ou esperando que ela prove que diz a verdade. Se alguém diz que ama você, como você reage? Aceita a sua palavra, ou responde: "Ok, então prove!". Jesus diz a Filipe:"Crede-me que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim". Pelo jeito Filipe era do tipo desconfiado, pois Jesus acrescenta: "Crede ao menos por causa das mesmas obras".
Há quem só acredite na Palavra de Jesus se enxergar ou sentir algo. A Bíblia descreve muitos milagres feitos por Jesus, mas será que eles já não são suficientes para você? Os milagres que Jesus fazia tinham um objetivo muito claro: mostrar que ele estava no Pai e era Deus agindo ali. Aos cristãos de Corinto Paulo diz: "Enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos".
Os judeus queriam ver; os gentios, entender. Em Cristo crucificado encontramos as duas coisas -- o poder de Deus e a sabedoria de Deus -- mas de um modo que é loucura para a mente carnal. O evangelho -- a boa notícia de Jesus morto por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação -- é o "poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego".
Na mesma carta Paulo fala que "a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo". Então por que você ainda espera ver algo? Esperar por algum milagre é o mesmo que você dizer a Jesus: "Você me ama? Ok, então prove!". Mas que prova de amor você está esperando? Que ele morra outra vez por você? Que suba vivo ao céu diante de seus olhos?
Hoje muitos correm atrás de visões, sinais e milagres, como se fossem esteróides da fé, sem os quais se sentem fracos. Ao colocar seu foco nos milagres de Deus, ao invés de colocá-lo no Deus dos milagres, você fica vulnerável ao engano. Satanás é capaz de imitar muitos dos sinais e milagres que você encontra na Bíblia.
O problema é que, quando a mente carnal vê um milagre, mesmo que autêntico, ela tira conclusões também carnais. No livro de Atos, quando Paulo foi curado milagrosamente da picada de uma víbora, as pessoas do lugar o consideraram um deus. Quando ele curou um homem, foi chamado de Mercúrio, e seu companheiro Barnabé de Júpiter. O sacerdote local trouxe touros para sacrificar em homenagem a eles.
Quantas pessoas você conhece que mergulham no erro quando veem algum milagre? Pessoas que passam a seguir cegamente um líder religioso, fazem orações a alguma imagem, penduram objetos no pescoço, acreditando existir neles poder para protegê-las... Se você ficar correndo atrás de sinais e milagres, acabará deixando de se ocupar com aquele que deveria ser o foco da sua atenção: Jesus.
Nos próximos 3 minutos você poderá fazer obras maiores do que as que Jesus fez.
Jesus diz aos discípulos: "Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai". Enquanto estava aqui, Jesus curou pessoas que depois adoeceram, multiplicou pães para pessoas que voltaram a ter fome, e ressuscitou mortos que mais tarde morreram. No livro de Atos vemos os discípulos fazendo as obras semelhantes, conforme Jesus prometera. Mas e as obras maiores?
Sem diminuir a importância dos milagres de Jesus e dos discípulos, que tinham o objetivo de demonstrar o poder de Deus sobre o mundo material, dá para perceber que seus benefícios eram temporários? Saúde, alimento e ressurreição que só duravam uma vida. Lázaro morreu depois. No entanto, a obra iniciada pelo Espírito Santo através dos apóstolos, e continuada pelos cristãos que até hoje levam o evangelho, tem curado a alma, alimentado o espírito e destinado milhões de pessoas à ressurreição eterna.
Nem a transformação de água em vinho, a multiplicação dos pães ou a caminhada de Jesus sobre as águas, têm tamanha magnitude. Principalmente quando entendemos que a salvação de uma alma é consequência direta da maior obra de todos os tempos, a morte de Cristo na cruz e sua ressurreição, algo que ainda não tinha ocorrido quando ele disse estas palavras aos discípulos.
As maiores obras são as obras que duram eternamente. Costumamos valorizar as obras materiais e temporais, porque vivemos limitados no espaço e tempo, e nunca vimos o mundo espiritual. Para entender o que Jesus disse, é preciso ter uma "régua" eterna; medir as coisas que não terão fim. O que é mais importante, uma pessoa curada de câncer ou salva eternamente? Um aleijado que passa a andar ou um ressuscitado capaz de voar? Um cego que consegue ver TV um ou pecador salvo, capaz de ver a face de Cristo?
Em 2 Coríntios Paulo escreve: "Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas". É ótimo que você ore pela cura, manutenção e bem estar de alguém, mas nada disso fará sentido se essa pessoa se perder eternamente.
No dia de Pentecostes o Espírito Santo desceu ao mundo para habitar na igreja e em cada cristão individualmente. É por intermédio dele que o cristão conduz um pecador à salvação eterna -- uma obra infinitamente maior do que qualquer milagre físico e transitório.
Nos próximos três minutos você aprenderá como receber tudo o que pedir em oração.
Neste capítulo 14 do evangelho de João, Jesus promete: "E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei". Depois de ler esta passagem você irá pensar que o cristão pode até pedir o carro do ano, e Deus lhe dará. Não é bem assim.
Deus responde a todas as orações feitas em nome de Jesus, mas para muitas delas a resposta de Deus é "não". Orar em nome de Jesus não é usar seu nome como se fosse uma palavra mágica que abre portas, como o "Abra-cadabra!", de Aladim, o "Shazam!", do Capitão Marvel, ou "Eu tenho a força!", do He-Man. Pedir algo em nome de Jesus é pedir com a autoridade que ele concedeu aos que creem nele.
Quando você dá uma procuração a alguém, está capacitando essa pessoa a fazer determinadas coisas em seu nome. Mas uma procuração estabelece limites, e os limites são sempre aqueles determinados pela vontade de quem deu a procuração. A pessoa que tem a procuração não pode simplesmente sair por aí fazendo o que bem entender em seu nome. Do mesmo modo, o crente em Jesus não deve usar o nome dele, a menos que tenha certeza de estar fazendo aquilo que é da vontade do Senhor.
João 15:16 explica que a oração eficaz vai sempre depender de uma comunhão eficaz. Ali Jesus diz: "Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito". A chave para esse "tudo" está em 1 João 5:14: "E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve". Percebeu a ordem das coisas? Primeiro, devemos estar em Cristo e a sua Palavra estar em nós. Segundo, precisamos pedir de acordo com a sua vontade.
Você pode amar muito seu filho, mas não dará a ele tudo o que ele pedir, pois a criança nem sempre sabe o que quer. Porém um filho que tem uma comunhão íntima com seu pai -- que conhece seus pensamentos, que observa seu modo de agir e as coisas que seu pai gosta ou não -- saberá pedir aquilo que é segundo a vontade de seu pai.
Mas como podemos conhecer a vontade de Deus? Vivendo tão próximo dele que Deus terá prazer em mostrá-la para nós. Além disso, andando na proximidade de Deus, não perderemos uma palavra sequer das coisas que ele quiser nos falar. Se estivermos no Senhor -- e isto significa comunhão -- e a Sua Palavra estiver em nós -- e isto é familiaridade com sua Palavra ao ponto de ela impregnar nossos pensamentos -- então saberemos pedir aquilo que ele também deseja nos dar. Então literalmente TUDO o que pedirmos nos será feito.
Nos próximos 3 minutos, saiba se você tem o comprovante da sua salvação eterna.
Você deve estar lembrado de que, neste capítulo, Jesus ficou apenas com seus discípulos após a saída de Judas. Portanto, as coisas que ele diz aqui são reservadas àqueles que verdadeiramente creem nele. Elas não farão sentido para você, se ainda não se converteu a Cristo.
Jesus diz: "Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós".
Aqui não falta muito para Jesus ser traído, preso e entregue à morte. Os discípulos ficarão muito tristes, mas o que Jesus pede não é choro e nem vela. Ele pede obediência aos seus mandamentos, os quais estão nos evangelhos e também nas epístolas que o Espírito Santo inspirou seus apóstolos a escreverem. Estas são suas instruções antes da partida.
Ao sair deste mundo, Jesus rogará ao Pai que envie o Espírito Santo para consolar os que creram nele. Repare nestas palavras: "para que fique convosco para sempre". Não há qualquer possibilidade de você receber o Espírito Santo de Deus e depois perdê-lo. É para sempre.
Esse Espírito é também o Espírito de verdade, ou seja, ele jamais poderá estar associado ao erro. Se você aprender coisas que não pode encontrar na Palavra de Deus, saiba que elas não vêm do Espírito Santo de Deus. O mundo não pode receber esse Espírito, porque é um privilégio apenas dos verdadeiros crentes em Jesus.
Assim como acontecia com os discípulos no momento em que Jesus falava, e também com os crentes que viveram no período anterior à Igreja, o Espírito habitava com eles, mas ainda não estava neles. A vinda do Espírito Santo para habitar nos crentes individualmente, e na Igreja coletivamente, é vista no capítulo 2 do livro de Atos, quando foi formada a Igreja, que é o corpo de Cristo.
Mas o que é preciso para o Espírito Santo habitar em você, e quando isso acontece? O apóstolo Paulo responde em Efésios 1:13: "Depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa". A ordem é esta: você ouve o evangelho, crê nele e recebe o Espírito Santo. Não é uma questão de sentir, mas de crer.
A passagem continua dizendo que o Espírito Santo "é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória". Penhor é o mesmo que comprovante ou garantia, e sem esse comprovante você não está salvo. Sem o Espírito Santo você nem mesmo pode afirmar que é de Jesus, pois em Romanos 8 diz que "se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele".
Nos próximos 3 minutos Jesus mostra o que o cristão deve esperar.
Jesus promete aos discípulos que não os deixará órfãos, mas voltará para eles. Essa promessa se cumpriria com sua ressurreição, e também com a vinda do Espírito Santo para habitar neles, e mais tarde também no arrebatamento, que é a volta de Jesus para buscar a sua igreja.
Ele diz: "Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis". Em breve os que o rejeitaram não seriam capazes de enxergá-lo. Nenhum incrédulo viu a Jesus depois de sepultado e ressuscitado, e nenhum incrédulo o verá quando os seus forem arrebatados "nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares".
Depois "ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram". Mas aí os que morreram em seus pecados irão preferir não tê-lo visto. Eles receberão a condenação eterna no lago de fogo, originalmente "preparado para o diabo e seus anjos", e não para o homem. Todo aquele que rejeita o Filho de Deus em vida, para salvação, dobrará os joelhos diante dele na morte, para a condenação.
Para aquele que crê, Jesus assegura: "Porque eu vivo, e vós vivereis". O crente contempla com os olhos da fé um Jesus vivo e glorioso, não um Jesus morto em um crucifixo. A cruz foi o instrumento de condenação do Salvador. Para um cristão, curvar-se diante de uma réplica da cruz é o mesmo que os amigos de Tiradentes venerarem uma forca, ou os súditos de Maria Antonieta uma guilhotina. Jesus não está na cruz.
Porque ele vive, você também tem vida eterna ao crer nele. A segurança do crente está no fato de Jesus ter morrido e ressuscitado. Ele morreu para tirar o pecado do mundo e pagar pelos pecados dos que creem nele, e ressuscitou para justificá-los. Se permanecesse na morte não haveria esperança para o homem. A esperança está em sabermos que agora há um Homem no céu, de carne e ossos : Jesus glorificado.
Jesus promete aos discípulos: "Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós". Talvez isto seja uma referência à descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, quando foi formada a igreja e o Espírito veio habitar nela e em cada crente. A partir de então todo aquele que crê em Jesus recebe o Espírito e é acrescentado pelo Senhor à igreja, que é o seu corpo. Ninguém se faz membro dela: é o próprio Jesus quem acrescenta os membros ao seu corpo.
Ao crer em Jesus, você passa a ser habitado pelo Espírito Santo, que lhe dá a capacidade de conhecer as coisas de Deus. Como membro da igreja, que é o corpo de Cristo, você fica ligado a Ele, que é a cabeça do corpo. E como Jesus está no Pai, a conexão que você tem com Deus é direta e garantida pela obra consumada de Jesus e pelo poder que há em seu nome.
Jesus certamente ama você, mas como saber se você realmente ama Jesus? Veja nos próximos 3 minutos.
No versículo 21 do capítulo 14 de João, Jesus diz: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele". Oras, se Jesus nos amou tanto, ao ponto de dar sua vida por nós, de que amor ele está falando agora? Só pode ser algum tipo especial de amor.
Ao nascer de novo você passa a fazer parte da família de Deus e ganha o privilégio de chamá-lo de Pai. Numa grande família um pai ama a todos os seus filhos de igual modo, porém tem maior prazer no filho obediente. Um genuíno filho de Deus expressa o seu amor pelo Pai guardando os mandamentos de Jesus, e desfruta assim desse tipo especial de amor que é mencionado aqui.
Mas quais seriam esses mandamentos de Jesus? Não creio que sejam especificamente os dez mandamentos ou a Lei que você encontra no Antigo Testamento. O apóstolo Paulo, antes de se converter, tinha muito zelo pela Lei, mas não nutria qualquer amor por Jesus ou seus discípulos. Portanto, guardar a Lei não é exatamente a mesma coisa que guardar os mandamentos de Jesus.
Nos quatro evangelhos há vários mandamentos de Jesus. Um exemplo? Em Mateus diz "resplandeça a vossa luz diante dos homens", "não resistais ao mal", "dá a quem te pedir", "amai a vossos inimigos", "sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus"...
Nas epístolas também há mandamentos de Jesus dados por intermédio dos apóstolos para cada crente, individualmente, e para a igreja coletivamente. Em Romanos 12 você encontra "não sede conformados com este mundo", "alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai em oração"... E quando o assunto são os mandamentos de Jesus para a igreja, um exemplo é o capítulo 14 de 1 Coríntios, que termina com o apóstolo Paulo dizendo: "Se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor".
Quando você se converte a Cristo, passa a ter um relacionamento com ele que não é regido por uma lista de regras, mas por amor, respeito e... imitação! Isso mesmo. Ao invés de perguntar "O que eu posso e o que não posso fazer?", sua pergunta deveria ser "Como o Senhor Jesus faria?" Quanto mais você conhecê-lo, quanto mais ler a sua Palavra e ter comunhão com ele, melhor você entenderá o que lhe agrada.
É por isso que Paulo exorta os que creem em Cristo a serem "imitadores de Deus, como filhos amados", e a andar "em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave". E o apóstolo João diz em uma de suas epístolas: "Aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou".
Nos próximos 3 minutos, o que acontece quando Deus vem morar em você.
Um dos discípulos, Judas (não o traidor), não entende como é que Jesus iria se manifestar a eles e não ao mundo. Provavelmente Judas esteja pensando na manifestação gloriosa do Messias, o Cristo, vindo para reinar. Ele não percebe que Jesus está falando de uma manifestação que não é pública, mas de intimidade para com aqueles que são seus.
Jesus responde: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará... Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou". Simples assim. Se você duvida da Palavra de Deus, não ama a Jesus.
Então Jesus promete que cada discípulo seria uma habitação de Deus em Espírito: "E viremos para ele, e faremos nele morada". Por que ele fala no plural? Porque ao crer em Cristo, tanto o Pai como o Filho fazem do crente a sua morada através do Espírito Santo. O Espírito Santo vem habitar em você, mas é Deus na sua totalidade, ou toda a Trindade, que está envolvida nessa operação.
Aqueles discípulos só iriam receber este privilégio alguns dias depois, quando fosse formada a igreja no dia de Pentecostes e o Espírito Santo descesse sobre eles. Ele viria habitar na igreja coletivamente, e em cada crente individualmente. É por isso que qualquer recém-convertido nos dias de hoje conhece melhor o Salvador do que os discípulos de Jesus conheciam quando andavam com ele aqui, antes do dia de Pentecostes.
No período dos evangelhos, os discípulos não tinham o Espírito Santo habitando neles. Eles eram como qualquer crente do Antigo Testamento. O Espírito de Deus estava com eles, mas não neles. Em 1 Coríntios, capítulo 2, Paulo explica assim: "Qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus".
Vou dar um exemplo: o seu espírito humano é a sua parte mais íntima, que conhece você perfeitamente. Se eu quisesse conhecer realmente como você é, o que pensa, do que gosta, eu precisaria transplantar o seu espírito em mim. Aí eu entenderia você. É o que Deus faz, quando o Espírito dele vem habitar em você ao crer em Jesus. Você passa a entender realmente como Deus é, o que pensa, do que gosta...
Percebeu agora por que quando você fala do evangelho a um incrédulo isso para ele soa como loucura? Sem a nova vida que vem de Deus e o recebimento do Espírito Santo, é impossível alguém compreender as coisas de Deus. E Jesus continua mostrando aos apóstolos como eles seriam capazes de escrever os evangelhos tantos anos depois, ao dizer: "O Espírito Santo... vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito".
Nos próximos 3 minutos, Jesus fala de um tipo diferente de paz.
Quando Jesus morreu, deixou poucas coisas materiais. O seu espólio não passava de algumas peças de roupa que acabaram sendo sorteadas entre os soldados que o crucificaram. Ele também não deixou qualquer coisa escrita de próprio punho, e tudo o que sabemos sobre ele e das coisas que falou é aquilo que seus discípulos nos legaram.
Antes de morrer, porém, Jesus deixou em seu testamento algo inigualável, e é disso que fala o versículo 27 do capítulo 14 de João: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou". De que paz ele está falando? Daquela que não temos por natureza, porque se a tivéssemos ele não precisaria ter vindo ao mundo morrer por nós.
Quando está prestes a morrer, Jesus aponta para uma das consequências de seu sacrifício: a paz. O seu sacrifício seria o único meio de Deus fazer as pazes com o homem. Uma pessoa que crê em Jesus, que aceita para si tudo o que o seu sacrifício significa, tem paz com Deus. Trata-se de uma paz eterna e permanente que nada ou ninguém poderá tirar.
Como você se sentiria se acabasse de receber a notícia de que um câncer foi curado? Ou que uma dívida impagável foi anistiada? Ou que sua pena, caso fosse um criminoso, tivesse sido anulada? Você teria paz com respeito a essas coisas, uma sensação de alívio que o levaria a suspirar e sorrir. Você teria trocado um futuro sombrio por um futuro brilhante. Seria essa a sensação de paz que invadiria seu coração.
E se Deus disser que seus pecados estão todos perdoados; que você vai viver eternamente em um corpo imortal e incorruptível; que tem para si um lugar reservado na glória dos céus, como você se sentiria? "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou". Este é o legado de Jesus para aqueles que creem nele. Não um alívio passageiro de um problema de saúde, financeiro ou legal, mas uma paz eterna e consolidada por Jesus por meio de sua morte e ressurreição.
Eu e você herdamos o pecado de Adão e nem sequer podemos alegar que não tínhamos nada a ver com o que aconteceu no jardim do Éden. É só ver quantas vezes pecamos para entendermos que estamos constantemente fazendo uso dessa herança. Agora Cristo oferece outra herança, o perdão completo de seus pecados e a paz que excede todo entendimento. "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize".
Sim, o mundo também oferece uma paz, mas ela é como as poucas peças de roupa que os soldados tiraram de Jesus e logo estariam podres. A paz que o mundo oferece é uma satisfação efêmera na compra de uma roupa, do primeiro carro ou na conquista de um novo amor. Quantas vezes você quis desesperadamente algo, conseguiu, e depois perdeu o interesse?
Nos próximos 3 minutos, descubra como obter o máximo de seu relacionamento com Jesus.
O Salmo 80 diz: "Trouxeste uma vinha do Egito; lançaste fora os gentios, e a plantaste". Atente para o fato de que uma vinha é plantada na terra. Então em Isaías 5 diz que "a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel". É preciso ter isto em mente para entender o que Jesus diz neste capítulo 15 do evangelho de João. O que ele diz?
"Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador". Israel falhou em seu papel de vinha ou testemunho de Deus para frutificar neste mundo. Deus então deixou Israel de lado e enviou o seu Filho ao mundo para ocupar esse lugar. Enquanto estava no mundo, Jesus era a videira verdadeira, o único capaz de dar fruto.
Aqui Jesus não fala de salvação, a qual não vem como recompensa por qualquer obra ou fruto de nossa parte. A salvação você só recebe de graça, pela fé em Jesus e em sua obra na cruz. Portanto o assunto aqui é a vida na terra, não no céu. Ele fala de fruto ou resultado, algo que só faz sentido enquanto estamos no mundo, não na glória.
Então ele segue falando: "Toda a vara em mim, que não dá fruto, [o Pai] a tira". Quem apenas professa estar em Cristo, mas não é verdadeiramente nascido de novo, obviamente não faz parte dessa videira. Nada mais lógico que tal vara seja excluída. Ele avisa: "Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo e ardem".
Após dizer que a vara que não dá fruto é tirada, pois Deus só quer o fruto real de uma vida nova, Jesus explica que seu Pai "limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto". Quem já viu uma videira depois de podada se surpreende de como a planta fica despojada de folhas e ramos desnecessários. Tudo o que resta é o tronco principal e alguns galhos mais robustos. Desaparecem as varas que não servem para nada e as folhas, que formam a beleza exterior da planta. Se isto não for feito, não haverá fruto naquela estação.
E como as varas são limpas? Jesus responde: "Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado". É pela leitura da Palavra de Deus que o cristão é mantido limpo das contaminações, aparências e futilidades desnecessárias. Mas não basta ler a Bíblia. É preciso estar em comunhão com a videira, da qual vem a seiva que dá vida às varas.
É o que Jesus diz aqui: "Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer".
E já que estamos falando de "fruto", que tal irmos até a carta de Paulo aos Gálatas para ver um pouco mais sobre o assunto? Nos próximos 3 minutos.
Muita gente lê o versículo 22 do capítulo 5 da carta aos Gálatas colocando um "s" na palavra "fruto". Mas veja o que diz o texto: "O fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio". Percebeu que "fruto" é singular? A palavra aparece no singular também no capítulo 15 de João, quando Jesus diz: "Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto".
Na carta aos Gálatas, as palavras amor, gozo, paciência etc. são as qualidades do fruto do Espírito na vida daquele que crê em Jesus e está conectado à videira verdadeira. Talvez você diga que conhece muita gente amorosa, paciente, benigna, mansa e equilibrada que nunca creu em Jesus. Sim, algumas dessas qualidades podem ser encontradas naturalmente nos seres humanos e até nos animais.
Mas o assunto aqui não são as características naturais, e sim o fruto do Espírito de Deus, ou as nove facetas que compõem o caráter cristão. As três primeiras são interiores: amor, gozo e paz. Depois temos três exteriores, de nossa relação com as pessoas: paciência, benignidade e bondade. As três últimas, fé, mansidão e domínio próprio, falam de nossa relação com Deus. Junte tudo e você tem a expressão de como Jesus é.
Em Gálatas 2:20 Paulo revela como ele era capaz de dar esse fruto: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim". Percebe que a vida cristã não é uma lista de leis e regras, mas a expressão, em nós, daquilo que Cristo é em si mesmo?
Você pode ter características naturais, como amor, paciência ou mansidão, e até desenvolver mais uma do que outra, pois são independentes. Mas quando o assunto é o fruto do Espírito em nós, todas elas formam um conjunto harmônico, um fruto perfeito. Pense numa tangerina com gomos de diferentes tamanhos e você terá uma aberração, não um fruto perfeito. O fruto do Espírito no cristão traz todas essas qualidades em igual medida.
Perceba também que existe uma grande diferença entre um fruto artificial, de plástico e inerte, e um fruto natural, vivo e cheiroso. O primeiro é produzido numa fábrica pelo esforço humano. O outro cresce naturalmente, desde que esteja recebendo continuamente a seiva da árvore que o produz. Agora vai fazer muito mais sentido para você o que Jesus disse no capítulo 15 de João:
"Como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer".
Nos próximos 3 minutos, tudo o que você quiser, Deus fará.
Jesus prometeu aos que são seus: "Pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito". Será que isso inclui prosperidade, sorte no amor e saúde para toda a vida? Não é bem assim. Vamos ler todo o versículo: "Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito".
A primeira condição para você receber tudo o que quiser é estar em Cristo, como no exemplo da videira e das varas. Somente uma conexão direta com ele pode fazer você produzir fruto para Deus. Então você poderá dizer como Paulo: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim". Você já não viverá para si, mas para Deus.
Ao se converter você ficou sob nova direção, como explica a Palavra de Deus: "Fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus". Portanto o seu corpo e o seu espírito passaram a ser propriedade exclusiva de Deus, que pagou por eles com o sangue de Jesus. Em seu vocabulário já não existe lugar para frases como "A vida é minha, eu faço o que quero". Isso foi antes, quando você obedecia à carne e ao diabo.
Depois da primeira condição -- "se vós estiverdes em mim" -- vem a segunda -- "e as minhas palavras estiverem em vós". Isto significa que você deve ler ou ouvir a Palavra de Deus até ficar encharcado com ela; até que seus pensamentos sejam formados por ela, e não mais pela sua mente natural, pela opinião pública ou por aquilo que aprendeu.
A Bíblia diz que "as más companhias -- ou más conversações -- corrompem os bons costumes". Parafraseando isso poderíamos dizer que as boas companhias ou boas conversações corrompem os maus costumes. Se as amizades e conversas dos ímpios são poderosas para fazerem você pensar e agir como um ímpio, a comunhão com Deus, a oração e o escutar a Palavra também têm o poder de fazerem você pensar e agir do jeito que Deus gosta.
Juntando tudo, se você estiver em Cristo e as palavras dele estiverem em você, tudo o que quiser Deus fará, pois você irá pedir segundo o pensamento de Deus. É como se Deus dissesse: "Oras veja que coincidência! Isto que você acaba de pedir é justamente o próximo item em minha lista de coisas para você!". É a vontade de Deus, não a sua que prevalece.
Acho que já deu para entender o quanto estão errados esses pregadores que dizem para você pedir o que quiser e até desafiar a Deus, não é mesmo? Eles acham que Deus é como o gênio da lâmpada de Aladim, que vive só para satisfazer nossas vontades e caprichos. São esses que a carta aos Filipenses chama de "inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas".
Nos próximos 3 minutos Jesus explica quem são os discípulos.
Jesus diz: "Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos" Jo 15:8. Fiz uma busca no Novo Testamento para ver quantos cristãos eu encontraria como discípulos de outros cristãos e não encontrei nenhum. Eles eram discípulos só de Jesus, e nenhum deles tinha discípulos, só Jesus.
Na cristandade hoje há muitos que buscam discípulos para si, e outros que se deixam transformar em discípulos de homens. Mas em Atos 20, depois de avisar os cristãos de Éfeso que os lobos não poupariam o rebanho, Paulo os alertou de que alguns tentariam arrebanhar discípulos para si. Veja o que ele disse:
"Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos" At 20:29-30.
O antídoto contra isso está no versículo 32 do mesmo capítulo 20 de Atos: "Agora, eu os entrego a Deus e à palavra da sua graça, que pode edificá-los e dar-lhes herança entre todos os que são santificados" At 20:32. Você só está seguro se sujeitar-se a Deus e à sua Palavra, e não sair por aí correndo atrás de novidades. A segunda carta a Timóteo ensina que nos últimos dias os homens "não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos" 2 Tm 4:3.
Em sua primeira carta aos Coríntios, Paulo chama de carnalidade a tendência que temos de nos identificar segundo preferências humanas. Ele diz: "Cada um de vocês afirma: 'Eu sou de Paulo'; 'eu de Apolo'; 'eu de Pedro'; e 'eu de Cristo'. Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vocês? Foram vocês batizados em nome de Paulo?... Pois quando alguém diz: 'Eu sou de Paulo', e outro: 'Eu sou de Apolo', não estão sendo carnais? Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer" 1 Co 1:11-13; 3:3-5.
Considerando que alguns se identificavam como sendo de Cristo, como se os outros não fossem, o ponto aqui são as divisões que esse tipo de atitude causa. Seguirmos a homens, ou nos identificarmos por nomes de homens ou denominações criadas por homens, é uma atitude carnal. O Senhor jamais identificou os seus discípulos como membros da religião A, B ou C, mas simplesmente como "irmãos" Mt 23:8.
Quando no capítulo 6 deste evangelho muitos deixam de seguir o Senhor, após ele dizer que "a carne não produz nada que se aproveite" Jo 6:63, 66-69, Jesus pergunta aos discípulos se queriam fazer o mesmo. Pedro responde: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus". Se você foi salvo por Cristo, e não por um homem ou religião, não irá querer ser identificado por nomes que os homens inventaram.
Nos próximos 3 minutos conheça o amor que sempre esteve ali.
"Ninguém me ama!". Acho que todos nós já sentimos isso em algum momento da vida, não é mesmo? Porém há quem adote isso como um lema, uma muleta para a vida inteira. São pessoas que vivem cantando a velha canção, cuja letra dizia: "Ninguém me ama, ninguém me quer; Ninguém me chama de meu amor. A vida passa, e eu sem ninguém, e quem me abraça não me quer bem".
Ok, vamos supor que você, que tem tanto amor para dar, não encontrou alguém capaz de amar você. Será que você procurou direito? Como identificar alguém capaz de amar você com um amor sem medida? Jesus dá a dica no evangelho de João, capítulo 15, versículo 13: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos". Quem realmente ama está disposto a abrir mão de tudo pela pessoa amada. Até da própria vida.
Está na hora de você conhecer o amor de Deus e a expressão máxima desse amor: Jesus. Ele não desceu do céu como um Avatar, para dar um exemplo de como você deve ser. Ele desceu para entregar sua vida numa cruz e tornar você apto para morar com ele no céu. É somente pelo sacrifício de Jesus, colocando-se no seu lugar de réu e recebendo a paga pelos pecados que você cometeu, que você pode ter agora todos os pecados perdoados e ser visto por Deus como uma nova criação.
Da próxima vez que você começar com aquela ladainha de que não é amado, pare e pense em Jesus. Ele ama você com um amor que ninguém seria capaz de expressar. E quando cogitar que ninguém lhe quer, pense na distância infinita que ele percorreu da magnífica glória até este mundo arruinado, só para ter você ao seu lado.
Não é com um amor qualquer que ele ama você, mas com o mesmo amor divino com que ele próprio, o Filho Eterno, foi amado pelo Pai. Veja o que ele diz: "Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor... Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa" (Jo 15:9-11.
Quando você crê em Jesus como seu Salvador e Senhor, sua alegria é completa, seu cálice transborda. Você passa a viver em feliz comunhão com o próprio Deus. Se não tem sido esta a sua experiência, então é por não estar cumprindo a condição que Jesus colocou, não para a sua salvação, que depende apenas da fé em Jesus e sua obra, mas para a alegria da comunhão, que depende de obediência. Ele explica assim:
"Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço... O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei" (Jo 15:10-12). O que?! Amar como Cristo me amou?! Impossível, não é mesmo? Por isso nem tente encontrar em si mesmo esse amor sem medida. É com o amor de Deus que você deve amar as pessoas. Mas para isso é preciso conhecer esse amor, deixando-se abraçar por Jesus, aquele que lhe quer bem.
"Diga-me com quem andas e eu te direi quem és", diz o ditado popular. Nossos relacionamentos definem quem somos, e o tipo de relacionamento que temos com Jesus é o que define se somos ou não amigos dele. Ele diz: "Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno. Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido" Jo 15:14-15.
Amigos! Que promoção maravilhosa quando nos dispomos a fazer o que Jesus ordena. Obviamente ele não vai nos ordenar coisa alguma sem antes nos capacitar para isso. Ao serem promovidos a amigos, os discípulos passaram a fazer parte do círculo de comunicação interna de Deus, sendo informados das conversas entre o Pai e seu Filho Jesus.
Agora você entende a razão de alguns céticos não fazerem ideia do que diz a Palavra de Deus. E como poderiam? Para aqueles que insistem em permanecer na condição natural de pecadores inimigos de Deus, a Bíblia não faz qualquer sentido. É preciso receber antes vida de Deus para entrar nesse círculo, primeiro de servos e depois de amigos.
No início os discípulos ignoravam totalmente a existência de Jesus. Então foram apresentados a ele, porém não entendiam exatamente quem era aquele homem tão perfeito. Na condição de discípulos, passaram a servi-lo e aprender com ele. Tornaram-se servos de Jesus. Agora vemos que Jesus os promove à condição de amigos, pois começa a confidenciar a eles seus segredos.
Hoje sabemos que ele não parou nesse ponto, de chamá-los apenas de amigos, por mais privilegiado que isso pudesse ser. Depois de entregar sua vida na cruz por nós, e ressuscitar ao terceiro dia, antes de subir ao céu Jesus diz a Maria Madalena: "Vá a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês" Jo 20:17.
Irmãos! Que privilégio sermos chamados por Jesus de seus irmãos! E ele próprio faz questão de frisar que isso significa desfrutar do mesmo relacionamento de parentesco que tem com o Pai. "Meu Pai e Pai de vocês... meu Deus e Deus de vocês" Jo 20:17. Mas espere; isso não é tudo.
Depois de subir ao céu e se assentar à destra da Majestade nas alturas, Jesus enviou o Espírito Santo de Deus para habitar em cada um dos que creem nele. Estes são agora chamados, na carta aos Hebreus, de "irmãos santos, participantes da vocação celestial" Hb 3:1, e na carta aos Romanos, "co-herdeiros com Cristo" e "participantes da sua glória" Rm 8:17.
Vou dar um tempo para você digerir tudo isso antes de passarmos aos próximos 3 minutos.
Se você prestou atenção no episódio anterior, entendeu que Deus transforma um inimigo seu em filho, co-herdeiro com Cristo e destinado a participar da glória que Jesus recebeu do Pai. Nada disso vem por mérito, mas Deus dá graciosamente àquele que crê em Jesus.
Bem, mas pelo menos sobra para você o mérito de ter decidido crer em Jesus, certo? Errado. Veja o que ele diz: "Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça" Jo 15:16. Não somos nós que escolhemos a Jesus, mas ele nos escolhe. O fruto que permanece é um fruto que só pode ser produzido enquanto você está aqui, mas cujo valor será mais bem apreciado no céu. Que fruto é esse?
Na carta aos Gálatas o fruto do Espírito é descrito como "amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio" Gl 5:22. Assim como o fruto apenas identifica o tipo de árvore, essas qualidades não tornam você um cristão, mas apenas evidenciam aquilo que você é pela fé em Jesus. Esse fruto serve de testemunho para que outros venham a crer em Jesus e sejam destinados à glória eterna.
Muitos cristãos acreditam que devem tornar o mundo melhor e que um dia, depois de eliminadas as injustiças, Cristo dirá, "Ok, agora que vocês já deixaram a casa arrumada, eu posso voltar". Não existe nada disso na Palavra de Deus. Este mundo caminhará inevitavelmente para um juízo de fogo e não há nada que você ou eu possamos fazer para mudar isso. Tudo o que aqui for construído, melhorado ou conservado será queimado.
O que então permanece para sempre? Aquilo que for despachado para o céu, onde a traça não rói, a ferrugem não corrói e o ladrão não rouba. Jesus não se intrometeu na política do seu tempo, não se preocupou em mudar o governo, promover agitações e guerras, ou construir grandes monumentos que marcassem sua passagem aqui. Tudo o que ele fez tinha por objetivo o céu. O que ele fez é o que permanece para sempre.
Para Jesus o mundo foi o lugar de sua rejeição e onde ele foi imolado em sacrifício a Deus. O fogo do castigo divino caiu sobre ele para que aqueles que nele creem não sejam réus do juízo e fogo eterno. Jesus veio, não para melhorar o mundo, mas para resgatar pessoas do mundo e colocá-las na lista de passageiros destinados ao céu.
Enquanto o dia da partida não vem, a função desses é testemunhar de Jesus com palavras e obras, e exercer o papel de misericórdia e amor que ele desempenhou aqui. Mas não espere aplausos por isso. Ele avisou: "Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia... Se me perseguiram, também perseguirão vocês" Jo 15:18-25.
Nos próximos 3 minutos Jesus revela de onde vem a capacidade para testemunharmos dele aqui.
No capítulo 16 do evangelho de João os discípulos de Jesus são avisados que receberiam algo que ninguém jamais recebera: o Espírito Santo. Até mesmo um israelita, que se considerava cidadão de uma nação governada por Deus, nunca pensou em ter o Espírito Santo de Deus habitando dentro de si.
No Antigo Testamento, nos evangelhos e no período anterior ao dia de Pentecostes descrito em Atos 2, o Espírito Santo inspirava e influenciava os que eram de Deus, capacitando-os para coisas extraordinárias. Era assim com os apóstolos de Jesus. Porém o Espírito, que estava com eles ou sobre eles, jamais esteve neles.
Com a morte, ressurreição e ascensão de Jesus, o Espírito de Deus seria enviado para habitar na igreja, como um todo, e no crente individualmente. É esta a promessa que Jesus agora faz aos discípulos, não sem antes alertá-los de que neste mundo eles seriam odiados, como o próprio Jesus era odiado e seria odiado até hoje.
Não se iluda: o ódio da humanidade contra Jesus é o mesmo do dia em que a multidão escolheu Barrabás. Não falo só do ódio que se traduz em perseguição aos cristãos em países avessos ao cristianismo. Nesses o ódio a Jesus é notório e o diabo "anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar" (1 Pd 5:8).
Falo dos países cristianizados, onde "Satanás se disfarça de anjo de luz" e seus servos fingem ser "servos da justiça" (2 Co 11:14-15). A civilização ocidental disfarça seu ódio com uma fachada de reverência que esconde guerras, torturas psicológicas e estelionatos praticados em nome de Jesus. Se você quiser arruinar a reputação de alguém é só associar o nome dessa pessoa a atividades criminosas. É o que o Ocidente vem fazendo com o nome de Jesus há dois mil anos.
Você acha que os discípulos entendem o que Jesus lhes diz? Absolutamente nada! Neste momento eles não passam de cabos eleitorais em plena euforia de campanha. Para eles Jesus é o candidato vitorioso a Rei de Israel. Afinal, ele acabara de ser aclamado pelo povo em sua entrada triunfal em Jerusalém. Eles estão certos de que Jesus veio libertá-los do opressor romano e estabelecer seu reino.
Mas Jesus lhes diz: "Vocês serão expulsos das sinagogas; de fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está prestando culto a Deus" (Jo 16:2). Bem, não é exatamente isso o que eles esperam. Ser expulso da sinagoga é humilhante; é como perder a identidade de judeu em uma nação considerada teocrática, isto é, governada por Deus.
Mal sabem eles que muito em breve os únicos governados por Deus neste mundo seriam aqueles que tivessem o Espírito Santo de Deus habitando em si. E que nos séculos seguintes o mundo seria como um grande tribunal, com Deus perguntando à humanidade: "Onde está meu Filho?". É o que veremos nos próximos 3 minutos.
Após Caim ter matado seu irmão Abel, Deus lhe perguntou: "Onde está seu irmão?". Caim alegou que não era responsável por seu irmão e ouviu de Deus a sentença: "Da terra o sangue do seu irmão está clamando. Agora amaldiçoado é você pela terra, que abriu a boca para receber da sua mão o sangue do seu irmão" (Gn 4:9-11). Algo semelhante acontece aqui.
Abel é uma figura de Jesus, que foi igualmente entregue à morte por seus irmãos judeus. Jesus revela aos discípulos que o Espírito Santo viria preencher a lacuna criada por sua rejeição e morte, e assim convencer "o mundo do pecado" (Jo 16:8). É como se Deus perguntasse: "Onde está meu filho?". A presença do Espírito Santo no mundo é a evidência de que Jesus foi expulso daqui. A vinda do Espírito torna o mundo convicto do pecado.
Além de convencer o mundo do pecado, o Espírito o convence "da justiça". Jesus, o justo aos olhos do Pai, foi considerado pelos judeus como possuído por demônio. Deus atestou sua justiça ressuscitando-o de entre os mortos. O Espírito só viria depois de Jesus ressuscitar e ir para o Pai, que o chamou de "meu servo, o Justo" (Is 53:11). A presença do Espírito aqui convence o mundo da justiça.
Jesus diz ainda que a vinda do Espírito Santo convenceria o mundo "do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado" (Jo 16:11). Isso demonstra que Satanás é o príncipe deste mundo e os seres humanos seus súditos. Ele conseguiu liderar a humanidade em sua rejeição ao Filho de Deus. Como fora prometido no Éden, a serpente feriu o calcanhar do descendente da mulher, mas teve sua cabeça esmagada por este.
Na cruz Satanás foi vencido e condenado. Agora só falta ele receber a pena e ser lançado no "fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos" (Mt 25:41). O lago de fogo não foi preparado para o homem, mas para os anjos. Quem insiste em permanecer na incredulidade irá compartilhar com os anjos caídos de um destino que Deus não havia preparado para o homem.
Há quem diga que se Jesus estivesse aqui o mundo não teria tanta tristeza e dor. É verdade, se ele tivesse sido recebido teria dado início ao seu reino aqui. Mas ele não está aqui, e sua ausência torna o homem ainda mais culpado. O Espírito não desceu para endireitar o mundo; Ele veio para tornar o mundo convicto do pecado, da justiça e do juízo. E para consolar, edificar e exortar os que pertencem a Cristo.
O fato de o Espírito Santo habitar hoje no corpo de Cristo, que é a igreja, formada por todos os salvos por Jesus, cria uma espécie de barreira para Satanás não agir livremente. Sim, pode crer que o mundo ficará muito pior depois que a Igreja e o Espírito forem tirados daqui. Jesus voltará para buscar os que são seus, aqueles aos quais foi dado tudo o que é dele. "Tudo"? Sim, saiba nos próximos 3 minutos.
Jesus revela aos discípulos que ainda tem muito para dizer, mas eles não podem suportar. A verdade é absoluta, mas sua transmissão é progressiva e sua recepção depende da condição do homem. Falta algo a eles, e esse algo é o Espírito Santo que desceria alguns dias depois para habitar neste mundo. Até aqui o Espírito agia para os seus. A partir de então agiria nos seus.
A vinda do Espírito Santo após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus capacitaria os apóstolos a receberem a revelação de TODA a verdade, e os crentes a compreendê-la. O Espírito os guiaria a "toda a verdade" (Jo 16:13). Ouviu isso: TODA a verdade foi entregue aos apóstolos e pode hoje ser encontrada no Novo Testamento, tanto de forma explícita, como implícita. É só por meio do Novo que é possível entender o Velho Testamento.
Não existe mais verdade do que a que já foi revelada aos apóstolos. Nada mais há para ser revelado. Tudo agora está na completa Palavra de Deus, à qual você e eu temos acesso. Surpreso? Então veja o que Jesus diz no versículo 15: "Tudo o que pertence ao Pai é meu. Por isso eu disse que o Espírito receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês". "TUDO"! Nada menos que tudo o que pertence ao Pai é de Cristo e esse "tudo" o Espírito revelou aos apóstolos.
Em 1 Coríntios 2:9-10 Paulo escreve: "Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam" -- esta era a situação no Antigo Testamento. "Mas Deus o revelou a nós [apóstolos] por meio do Espírito" -- esta é a situação do Novo Testamento, a completa revelação de Deus.
Em Hebreus capítulo 1 diz que "há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo". No original grego, a expressão "falou-nos por meio do Filho" está "falou-nos no Filho".
No início de sua primeira epístola, o apóstolo João explica: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam -- isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada" (1 Jo 1:1-2). Essa vida é Jesus.
Mas neste evangelho os apóstolos ainda não podem conter tamanha revelação. Apenas após terem recebido o Espírito Santo é que este os inspiraria, ou ditaria tudo a eles, palavra por palavra. O apóstolo Paulo explica: "Temos empregado as próprias palavras que nos foram dadas pelo Espírito Santo, e não palavras que nós, como homens, pudéssemos escolher. Assim, usamos as palavras do Espírito Santo para explicar as realidades do Espírito Santo" (1 Co 2:13-14).
Nos próximos 3 minutos Jesus fala de tristeza e também de alegria.
Jesus diz aos seus discípulos: "mais um pouco e já não me verão; um pouco mais, e me verão de novo". Como assim? Ele iria morrer e ser sepultado, e eles não o veriam mais até Jesus ressuscitar e ficar com eles por 40 dias. Então ele subiria aos céus e outra vez não seria visto até voltar para buscá-los no arrebatamento da igreja, ou antes, caso morressem. Quanto tempo se passaria nesses intervalos? Nem eles saberiam dizer, de tão rápido que seria.
Pelo menos é assim que Jesus ilustra a situação: "A mulher que está dando à luz sente dores, porque chegou a sua hora; mas, quando o bebê nasce, ela esquece a angústia, por causa da alegria de ter nascido no mundo um menino" (Jo 16:21). Ainda que um trabalho de parto seja demorado, toda a angústia da espera desaparece quando a mãe vê a criança. Aí é só alegria.
Os discípulos se angustiariam quando o vissem desfigurado e morto numa cruz, e pouco depois suas esperanças seriam literalmente sepultadas para sempre. Enquanto isso os incrédulos se alegrariam por terem se livrado de Jesus.
A ressurreição de Jesus pegaria os discípulos de surpresa e injetaria neles uma renovada dose de alegria. Mas não seria nada comparada à alegria que sentiriam a partir do dia em que o Espírito Santo de Deus viesse habitar neles e em cada crente em Jesus. No livro de Atos você encontra aqueles tímidos e amedrontados discípulos transformados em ousados pregadores. Aquela alegria ninguém poderia tirar deles.
De que tipo é a sua alegria? Se você só quer gozar esta vida sem prestar contas a ninguém, você se encaixa no perfil daqueles que se alegraram quando viram Jesus morto. Ele seria uma pedra no sapato deles se continuasse vivo por aí. Jesus nem precisava abrir a boca para deixar as pessoas incomodadas. Bastava ele ser quem era: o Filho de Deus, o único homem perfeito, a luz dos homens.
Qualquer coisa exposta à luz tem seus defeitos revelados, e é esse incômodo que Jesus causa nas pessoas até hoje quando ele é apresentado numa pregação do evangelho. Naturalmente fugimos da Palavra de Deus, pois ela é "viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração. Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas" (Hb 4:12-13) .
Você fica incomodado quando ouve falar de Jesus? Então você ainda não tem uma alegria eterna. E nem o acesso ao Pai, que é o assunto dos próximos 3 minutos.
Após Jesus morrer, ressuscitar, subir ao céu e ser glorificado, os discípulos não iriam mais perguntar as coisas a ele, como faziam aqui. Eles iriam orar diretamente ao Pai em nome de Jesus, na certeza de serem atendidos graças à estima que o Pai tem por Jesus. O Espírito Santo os capacitaria e ensinaria como orar.
Antes disso nenhum judeu se dirigia a Deus como Pai. Nos evangelhos Jesus introduz a oração ao Pai, e nas epístolas você encontra o apóstolo Paulo dizendo "orei ao Senhor", isto é, a Jesus. Mas em nenhum lugar na Bíblia você encontra alguém orando ao Espírito Santo, apesar de ele ser Deus. Se os apóstolos e profetas, que escreveram o Novo Testamento inspirados pelo Espírito, não ensinaram que ele deva ser invocado, adorado ou louvado, é melhor você não fazê-lo. Nunca se sabe que espírito irá atender à sua invocação.
Nos bastidores do mundo físico existem espíritos malignos com milhares de anos de experiência em enganar os seres humanos. Nós não os vemos, mas eles nos veem e nos acompanham. Sabem quase tudo a nosso respeito, conseguem prever nossos próximos passos pela observação de nosso comportamento, e são hábeis na arte de iludir e enganar. Pense neles como estelionatários espirituais.
Paulo advertiu que "o Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios" (1 Tm 4:1). João exortou: "Não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus" (1 Jo 4:1). Embora ele fale do espírito do homem que ensina, isso vale também para um espírito que porventura o esteja influenciando.
Como ter certeza se um espírito é de Deus? Não indo além do que está na Bíblia. Invocar o Espírito Santo é ir além do que está escrito. Se o próprio Espírito não nos autorizou a fazê-lo, devemos evitar.
As aparências enganam. Quando passavam pela Macedônia, Paulo e os que estavam com ele foram seguidos por uma jovem que proclamava: "Estes homens são servos do Deus Altíssimo e lhes anunciam o caminho da salvação". Aquilo que parecia ser uma propaganda do evangelho revelou ser um espírito maligno.
Agora você entende por que algumas reuniões de cristãos mais parecem rituais pagãos, com pessoas rodopiando, caindo e se debatendo no chão, como se estivessem possuídas por algum espírito. Um cristão cheio do Espírito Santo não perde o domínio de si mesmo; ao contrário, Paulo afirma na carta aos Gálatas que o fruto do Espírito é "domínio próprio" (Gl 5:23). Confira na Bíblia.
Nos próximos 3 minutos Jesus se despede dos discípulos.
Geralmente as coisas importantes são mencionadas na hora da despedida, e não é diferente neste capítulo. Ao falar da época quando eles teriam o Espírito Santo habitando em si -- isto é, a nossa época -- Jesus diz: "Nesse dia, vocês pedirão em meu nome", e acrescenta: "Não digo que pedirei ao Pai em favor de vocês". Enquanto estava aqui, Jesus orava ao Pai pelos discípulos. Em breve eles próprios orariam por si mesmos ao Pai.
Ele continua revelando uma verdade fundamental da fé cristã "Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai". Este versículo põe por terra qualquer crença em Jesus como um mero homem, apenas mais evoluído espiritualmente. Ele não foi criado como eu e você. Ele saiu do Pai. Isto significa que Jesus coexistia com o Pai na eternidade antes mesmo de assumir a forma humana ao nascer da virgem.
Ao escrever aos Colossenses Paulo deixa claro quem é este que entrou no mundo: "Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória" (1 Tm 3:16). Os alicerces do cristianismo se assentam sobre o fato de Jesus ser Deus e Homem: tão divino quanto o Pai e o Espírito Santo, e tão humano quanto eu e você, exceto o pecado.
Mas agora ele diz aos discípulos que irá deixar o mundo e voltar ao Pai, e em seguida revela que seria abandonado por eles na pior hora, mas que não ficaria só, pois o Pai estaria com ele. Este é outro mistério da Trindade. Na cruz Jesus seria abandonado por Deus ao ser feito pecado por nós. Deus não poderia ter comunhão com o pecado; ele é luz e a luz sairia de cena nas três horas de trevas quando o juízo divino caísse sobre Jesus.
Cumprindo a profecia do Salmo 22:1, Jesus daria o brado: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?". Mas, do mesmo modo como Abraão acompanhou seu filho Isaque até o altar, o Pai faria o mesmo com Jesus, o Filho. Só que neste caso não haveria um carneiro para substitui-lo: Jesus, o Cordeiro de Deus, seria a vítima. Ele seria abandonado por Deus, porém consolado pelo Pai: "Na adversidade estarei com ele", diz o Salmo 91:15.
Como pode ser isso? Deus abandona Jesus, mas o Pai não? Parece uma contradição, mas não é. Trata-se apenas de nossa limitação humana para entender a intimidade das coisas de Deus. Aqui Jesus diz claramente aos discípulos: "Aproxima-se a hora, e já chegou, quando vocês serão espalhados cada um para a sua casa. Vocês me deixarão sozinho. Mas, eu não estou sozinho, pois meu Pai está comigo" (Jo 16:32). E assim seria, até mesmo na hora de seu brado, "Deus meu! Deus meu ! Por que me abandonaste?". Deus longe, o Pai perto.
Talvez você entenda isso melhor nos próximos 3 minutos.
Nos últimos 3 minutos Jesus afirmou que seus discípulos o abandonariam na hora de sua morte, porém o Pai estaria consigo. Vimos também que ele seria abandonado por Deus. Duas verdades aparentemente contraditórias revelam que "Deus é amor" (1 Jo 4:8), mas que também "é fogo consumidor" (Hb 12:29). Amor ou juízo -- o que você quer?
Nós não nascemos neste mundo como Jesus nasceu. Somos gerados pela vontade da carne e trazemos em nós o pecado de Adão, o primeiro homem da velha criação. Não nascemos com o direito de chamar a Deus de Pai. Mesmo assim, ele nunca nos abandona, esperando que venhamos a crer em Jesus, o último Adão, que é também o segundo homem e as primícias da nova criação.
Jesus, por sua vez, saiu do Pai e entrou no mundo na forma humana por geração divina. Ele foi concebido pelo Espírito de Deus no ventre da virgem Maria. Diferente de nós, ele veio sem pecado, isto é, sem o princípio ativo que nos leva a pecar. Por ser Deus e sem pecado, Jesus era incapaz de pecar. Ele era o único que podia chamar a Deus de Pai.
De um lado temos o homem, pecador e destinado ao juízo eterno quando se encontrar com um Deus santo. De outro, temos Jesus, Deus e Homem perfeito, o Filho eterno que saiu do Pai para cumprir uma missão: tomar o lugar do pecador e receber sobre si a culpa dos nossos pecados, e o terrível juízo de Deus. O Salmo 37:25 diz: "Nunca vi o justo desamparado". No entanto, na cruz Deus o abandonou para poder receber os pecadores cujos pecados foram julgados e condenados ali em Jesus.
Percebe a importância do que ele fez? Na cruz Jesus foi feito pecado e abandonado por Deus. Pense nesse amor, que assumiu a culpa de pecados que não cometeu, para receber o castigo que jamais mereceu! Mas ele foi até o fim, e Deus, satisfeito com seu sacrifício, o ressuscitou de entre os mortos. Agora ele vive para sempre no céu, em um corpo humano, o primeiro homem a entrar ali assim, as primícias da nova criação.
Deus é um juiz santo, justo e terrível em julgar. Por outro lado, o Pai é amoroso, cheio de graça e vontade de salvar. Aqueles que ainda não têm o perdão dos pecados pela fé em Jesus se encontrarão com Deus na condição de juiz. Os que creem em Jesus receberam o poder de serem feitos filhos de Deus. Já não entrarão em juízo. E você, como está?
Jesus termina o capítulo dizendo: "Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo". Ele não promete paz no mundo, mas sim nele. Ao contrário dos pregadores de mentirinha, que prometem saúde, prosperidade e paz neste mundo, aqui Jesus prevê aflições para os seus. Mas ele venceu o mundo, e isto é suficiente para aquele que crê.
Nos próximos 3 minutos Jesus nos dá uma prévia do que está fazendo agora no céu.
Se você já creu em Jesus como seu Salvador -- se já recebeu de Deus o perdão de seus pecados ao reconhecer que Jesus o substituiu no juízo -- agora existem dois no céu falando de você o tempo todo. Eles são incansáveis na tarefa de comentar com Deus tudo a seu respeito. Eles são Jesus e Satanás.
Se você ainda não se converteu a Cristo, não precisa se preocupar com Satanás. Ele não vai gastar saliva falando mal de alguém que ele ainda mantém em suas garras. Mas neste caso você também não terá um advogado, Jesus, intercedendo por você diante do Pai. No céu Jesus fala bem dos que salvou. Satanás fala mal.
Em Apocalipse 12:10 Satanás é chamado de "acusador dos nossos irmãos, que os acusa diante do nosso Deus, dia e noite". Nos primeiros capítulos do livro de Jó o diabo aparece no céu acusando Jó. Foi também nas regiões celestiais que o diabo lutou com o arcanjo Miguel para saber onde Deus escondera o corpo de Moisés. Talvez o diabo quisesse transformar os ossos do patriarca de Israel em objeto de idolatria e sua sepultura em local de peregrinações (Jd 1:9). O diabo costuma entreter as pessoas religiosas com qualquer coisa que não seja o próprio Jesus.
Mas enquanto Satanás acusa os salvos diante de Deus, Jesus intercede por eles. A oração que Jesus faz neste capítulo 17 de João é um protótipo da intercessão que ele está fazendo neste exato momento no céu. Veja que ele não fala uma palavra sequer contrária aos seus discípulos. Hoje, no céu, ele fala bem de mim para o Pai, sem mencionar minhas falhas e tropeços. Como acontece neste capítulo, no céu Cristo não intercede para que eu receba honras mundanas ou bens materiais, mas roga para que eu seja mantido separado do mundo. A prosperidade que ele quer para mim é espiritual, a única que dura uma eternidade.
Nesta passagem do evangelho ele começa sua intercessão enquanto ainda está no mundo, dizendo que é chegada a hora de morrer, mas logo pensa nos discípulos. Diante da perspectiva de uma morte horrível e do juízo de Deus que cairia sobre si, é neles que Jesus está pensando. Isso é amor verdadeiro; o amor que não procura seus próprios interesses, mas os da pessoa amada.
Jesus roga ao Pai para que o glorifique na morte, e isso inclui ser ressuscitado e assentado à destra da majestade nas alturas. Ninguém poderia tirar sua vida; ele a daria espontaneamente e, apesar de ter o poder de reavê-la, ele não usaria desse poder: deixaria isso a critério do Pai. Em João 10:18 ele diz, a respeito de sua vida: "Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai".
Após pedir ao Pai que o glorifique, ele roga pela oportunidade de glorificar o Pai por sua morte e ressurreição. Como Jesus iria fazer isso? Veja nos próximos 3 minutos.
No capítulo 7 de seu evangelho, João diz que "tentaram prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos, porque a sua hora ainda não havia chegado" (Jo 7:30). No capítulo 8 ele diz que "ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora" (Jo 8:20). Agora no capítulo 17 Jesus diz: "Pai, chegou a hora" (Jo 17:1). A morte de Jesus não foi um imprevisto; sua vida não estava à mercê dos homens. Deus estava no controle de tudo, mas mesmo assim os homens seriam responsabilizados por o terem entregado à morte.
Primeiro Jesus pede ao Pai que este o glorifique. Ele está falando de sua ressurreição, que seria o reconhecimento do Pai de que o Filho teria cumprido a missão para a qual foi designado. Em 1 Timóteo 3:16 você tem o roteiro completo dessa missão: "Deus foi manifestado em carne, justificado no Espírito, visto pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo, recebido na glória" (1 Tm 3:16). Ao ressuscitar a Jesus e recebê-lo na glória, o Pai o estaria glorificando.
Jesus, por sua vez, também glorificaria o Pai. Como? Ele mesmo explica aqui em sua oração ao Pai: "Pois lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, para que conceda a vida eterna a todos os que lhe deste". Jesus glorifica o Pai salvando pecadores. Deus é grandemente glorificado no fato de suas criaturas caídas e perdidas serem transformadas em adoradores que adoram a Deus em espírito e verdade. Foi para isso que Deus nos criou.
Repare que é Jesus quem concede a vida eterna -- não somos nós que a obtemos com nossos esforços. Repare também que ele concede a vida aos que o Pai lhe deu para esse propósito. Quando foi que isso aconteceu? Quando Deus "nos escolheu nele [em Jesus] antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado. Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus" (Ef 1:4-7).
Escolhidos e predestinados antes da criação do mundo, para sermos adotados como filhos, feitos santos e irrepreensíveis, e tudo isso Deus fez gratuitamente para nós, mas a um enorme preço que foi pago por Jesus na cruz. No final, é essa gloriosa graça que será digna de louvor, e não nossos meros esforços. Percebe agora como é ingênua e mesquinha a ideia de que poderíamos ser salvos por nossas boas obras? Se assim fosse, a glória seria nossa, não de Deus!
Jesus também explica de que vida eterna está falando: "Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (Jo 17:3). Repare que aqui Jesus diz com todas as letras que ele é o Cristo, o Messias enviado a Israel. Os judeus não poderiam jamais alegar que não sabiam com quem estavam lidando. Nos próximos 3 minutos Jesus afirma que não roga pelo mundo, por seu progresso ou bem estar.
A afirmação que Jesus faz no versículo 9 pode surpreender alguns: "Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois são teus" (Jo 17:9). Como assim? Como pode ele deixar o mundo de fora de sua intercessão, se o mundo precisa tanto de progresso, paz e harmonia entre os povos?! Você pode escutar o Papa, o Dalai Lama e outros líderes religiosos rogando pela paz mundial e pelo progresso da sociedade, mas jamais encontrará Jesus fazendo isso.
Ele intercedeu por seus algozes na cruz, ao dizer "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo" (Lc 23:34), mas em nenhum momento tentou mudar o sistema, incrementar a economia ou lutar por leis mais justas. A razão é simples: Deus desistiu de melhorar o mundo que rejeitou o seu Filho. O que Deus tem feito é se empenhar em resgatar do mundo um povo para si. São os que creem nele como o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, o Filho de Deus que veio morrer para nos salvar.
Se você fosse o capitão do Titanic depois de atingir o iceberg, o que diria aos passageiros? Que pegassem pincéis e tinta para pintarem o navio de uma cor mais alegre? Não! Você diria a eles para caírem fora dali que o navio estava condenado. O apóstolo Pedro escreve em sua segunda carta: "Os céus e a terra que agora existem estão reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e para a destruição dos ímpios... Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada" (2 Pd 3:7-10).
Quando você crê na Palavra de Deus, faz tanto sentido tentar melhorar o mundo quanto pintar de cores alegres o carvão que você comprou para o churrasco. Seu destino é o fogo, não importa o quanto você capriche em melhorá-lo. É por isso que no capítulo 17 de João, Jesus intercede, não pelo mundo, mas pelos que o Pai lhe deu do mundo, os escolhidos antes da criação. Estes são os que creem na Palavra de Deus e foram salvos pela fé em Jesus. O evangelho não é uma missão de melhoria do mundo; o evangelho é uma missão de resgate.
Muitos cristãos não entendem a sua vocação, achando que devem se intrometer na política e nos sistemas daqui como se fossem cidadãos do mundo. Não são, e uma passagem na carta de Paulo aos filipenses mostra isso: "A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Fp 3:20). Se eu viajar ao Nepal posso até alimentar e vestir os necessitados ali, mas não tenho nada que me intrometer na política do país. Serei estrangeiro ali, como o cristão é estrangeiro aqui neste mundo. Não sou eu quem diz, é Jesus quem repete por duas vezes neste capítulo: "Eles não são do mundo, como eu também não sou" (Jo 17:14, 16).
Nem todos os passageiros do Titanic que tiveram acesso aos botes salva-vidas sobreviveram. Será que todos os que o Pai deu a Jesus estarão seguros eternamente? A resposta está nos próximos 3 minutos.
Jesus glorifica o Pai salvando pecadores, e é glorificado por cada um que ele salva. É assim que ele diz: "Eu tenho sido glorificado por meio deles". E Jesus não é glorificado apenas pelos seus neste mundo, mas também pelo cuidado que tem por eles para que nenhum se perca. Tanto o recebimento da salvação quanto sua manutenção não vem de nós, mas de Deus. Caso contrário, o homem seria glorificado por sua salvação e por sua perseverança em manter-se salvo.
Enquanto estava aqui Jesus protegia os discípulos, de modo que nenhum deles se perdeu, exceto Judas, que estava destinado à perdição. Agora ele pede ao Pai que guarde os que são seus, e essa mesma intercessão Jesus continua a fazer no céu por cada um dos que são salvos por ele. Se você realmente crê em Cristo saiba que nada e nem ninguém pode tirar você das mãos do Pai.
Jesus guardava os seus discípulos enquanto ainda estava com eles, e mais ainda depois da formação da igreja no dia de Pentecostes em Atos, capítulo 2. A partir daquele dia cada pessoa que crê em Jesus é selada com o Espírito Santo, a garantia de que jamais poderá se perder. Veja o que dizem estas passagens das cartas de Paulo aos Efésios e aos Coríntios:
"É Deus que faz que nós e vocês permaneçamos firmes em Cristo. Ele nos ungiu, nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações como garantia do que está por vir... Nele, quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus... Foi Deus que nos preparou para esse propósito, dando-nos o Espírito como garantia... o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção" (2 Co 1:21-22; Ef 1:13-14; 4:30; 2 Co 5:5).
Antigamente os reis validavam um documento colocando nele o seu selo, a marca de seu anel pressionado sobre uma gota de lacre derretido ou simplesmente com tinta, como se fosse um carimbo. O selo era a garantia de propriedade. Assim Deus sela com o Espírito Santo cada um que é salvo por Jesus, como se dissesse: "Este é minha propriedade, ninguém pode tirá-lo de minhas mãos". Aqueles que acham que podem perder a salvação, ou o Espírito Santo com o qual foram selados como garantia, não fazem ideia de quem é Deus e de como ele é zeloso daquilo que é seu.
Mas o que dizer dos que um dia pareciam tão convertidos e depois voltaram a ser o que eram ou até piores? Bem, talvez nunca tenham nascido de novo, nunca creram em Jesus, mas apenas adotaram uma religião cristã e aprenderam a fingir. O apóstolo João fala desse tipo de gente em sua primeira carta: "Eles saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos" (1 Jo 2:19).
Nos próximos 3 minutos Jesus revela o que deseja para aqueles que viriam a crer nele nas gerações futuras, ou seja, eu e você.