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271 Para que sejam um

 


Leitura: João 17:20-26

Quando você entra em um aposento e descobre que tem alguém falando mal de você, o sentimento é de tristeza e indignação. Mas e se a pessoa estiver falando bem de você? E se estiver fazendo mais que isso: estiver intercedendo por você, querendo para você tudo de bom? É o que encontramos aqui. Entramos na intimidade de uma conversa que Jesus está tendo com o Pai, e o assunto da conversa são os que viriam a crer nele no futuro. Há dois mil anos Jesus já intercedia por mim diante do Pai. Veja o que ele diz:

"Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles [dos apóstolos] para que sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste" (Jo 17:20-24).

A mesma unidade que existe entre o Pai e o Filho é a que deve existir entre os que foram salvos por ele -- todos tem um mesmo e único Salvador. Além deste aspecto da unidade, assim como Cristo manifestava Deus no mundo, o cristão deve ser a expressão de Cristo em seu caráter e andar. No livro de Atos, capítulo 4, quando os apóstolos foram interrogados pelas autoridades e pelo sumo sacerdote, estes "ficaram admirados e reconheceram que eles haviam estado com Jesus" (At 4:13). O testemunho dos discípulos era coerente com o de Jesus; havia ali uma unidade de caráter e propósitos que o mundo podia perceber.

Mas Jesus vai mais além em sua oração: "Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo" (Jo 19:24). Lembre-se de que aqui ele fala como já tendo cumprido a obra da redenção, morrendo, ressuscitando e assentando-se à destra da Majestade nas alturas. E é nesse lugar de indescritível glória que Jesus quer que estejamos, para contemplarmos a sua glória. 

Ele aponta para o futuro eterno e, ao mesmo tempo, para o passado eterno: "Estejam comigo onde estou...", e aqui ele está falando da imutabilidade de sua glória eterna; "porque me amaste antes da criação do mundo", ou seja, na eternidade, antes de todas as eras (Jo 17:24). Entre uma coisa e outra está o tempo, essa coisa linear, que Deus criou juntamente com a matéria que conhecemos, e que deixará de existir quando chegarmos ao estado eterno.

Apesar de toda a ruína em que se transformou a cristandade, com milhares de denominações negando justamente o princípio da unidade, ainda é possível encontrar unidade naquilo que identifica cada cristão: o nome de Jesus. Por que será que alguns dão tão pouco valor a esse nome ao ponto de se deixarem identificar por nomes de religiões criadas por homens?

Nos próximos 3 minutos Jesus faz o mesmo caminho que fez o Rei Davi mil anos antes.

 

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272 Um pai omisso

 


Leitura: João 18:12 Samuel 13-20

Mil anos antes da cena do capítulo 18 do evangelho de João, outro homem fez o mesmo caminho que Jesus faz aqui. O rei Davi, quando teve seu trono usurpado por seu filho Absalão, cruzou o ribeiro de Cedrom fugindo de Jerusalém por ter sido um pai omisso. Jesus cruza o mesmo ribeiro por ser um Filho submisso. 

Mas quem era Absalão? A história do terceiro filho de Davi, e o seu trágico fim, você encontra nos capítulos 13 ao 20 de 2 Samuel. Seu nome significa "Patrono da paz", o que Davi certamente queria que ele fosse, ao adotar um método pacífico para educar seus filhos. Absalão foi tratado do mesmo modo que Davi tratava Adonias, seu quarto filho. Dele é dito que "seu pai nunca o havia contrariado; nunca lhe perguntava: 'Por que você age assim?'" (1 Rs 1:6).

Absalão era filho de uma das esposas pagãs de Davi, uma união contrária à vontade de Deus. Em seu plano original, Deus queria que cada homem tivesse apenas uma mulher, e que esta adorasse o Deus verdadeiro. Mas nada disso foi levado a sério por Davi, que paparicava seu belo filho. "Em todo o Israel não havia homem tão elogiado por sua beleza como Absalão. Da cabeça aos pés não havia nele nenhum defeito" 2 Sm 14:25.

Filho de um casamento não autorizado por Deus, criado na idolatria de sua mãe, bajulado por sua aparência e recebendo de seu pai uma educação pacífica, de modo a nunca ser contrariado, advertido ou castigado -- esse era Absalão. Os modernos educadores devem muito a Davi por seu método de educar os filhos. É o método do homem, contrário ao método de Deus, descrito em Hebreus 12:

"O Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho. Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos. Além disso, tínhamos pais humanos que nos disciplinavam, e nós os respeitávamos. Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da sua santidade. Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados" (Hb 12:5-11). 

Ao contrário da ideia de que a criança nasce boa e é estragada pelo ambiente, a Bíblia ensina que nascemos pecadores. O livro de Provérbios diz que "a insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela. A vara da correção dá sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe. Discipline seu filho, e este lhe dará paz; trará grande prazer à sua alma. Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. Castigue-a, você mesmo, com a vara, e assim a livrará da sepultura" (Pv 22:15; 29:15-17; 23:13-14). Davi não fez assim e só lhe restou chorar a perda de seu filho.

Nos próximos 3 minutos veremos um dragão em pele de cordeiro.

 

 

 

 

 

273 Dragao em pele de cordeiro

 


Leitura: João 18:1Apocalipse 13:11

No Antigo Testamento Davi é uma figura de Jesus, o rei traído e desprezado que o profeta Isaías descreveu como não tendo "qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada em sua aparência para que o desejássemos" (Is 53:2). Por sua vez, Absalão, o filho de Davi elogiado por sua beleza, é uma figura do Anticristo, o usurpador do trono e representante visível do príncipe deste mundo, Satanás.

Porém, quando Jesus voltar para reinar, já não virá mais como o servo manso e humilde, mas como um rei poderoso e implacável para com seus inimigos. Aqueles que hoje creem nesse Jesus desprezado e exilado no céu, recebem a salvação. Os que o rejeitam serão levados a crer no Anticristo, aquele que João descreve como a "besta que saía da terra, com dois chifres como cordeiro, mas que falava como dragão". (Ap 13:11). 

Como fez Absalão, cujo nome significava "Patrono da Paz", o Anticristo virá vestido em pele de cordeiro para encobrir sua natureza de dragão herdada de Satanás. O apóstolo João previu que muitos "anticristos" surgiriam antes do derradeiro Anticristo, e algumas características os denunciariam. Uma seria o fato de negarem que Jesus veio em carne, isto é, que Deus assumiu a forma humana. Outra seria a sua habilidade em fazer sinais e milagres.

Se você vive atrás de sinais e maravilhas, saiba que pessoas assim serão as vítimas do Anticristo. Paulo fala que "a vinda desse perverso é segundo a ação de Satanás, com todo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras. Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar" (2 Ts 2:8-10).

Quando Deus ordenou a Faraó que deixasse os israelitas saírem livres da escravidão no Egito, Faraó se opôs. Ao invés de libertar o povo de Deus, mandou que este recebesse uma carga maior de trabalho. Nos capítulos 7 e 8 do livro de Êxodo, por cinco vezes Faraó endureceu seu próprio coração. Então, no capítulo 9 diz que "o Senhor endureceu o coração de Faraó". O homem que se recusa teimosamente a ouvir a Palavra de Deus chega a um ponto sem volta, quando o endurecimento de seu coração passa a vir de Deus.

É o que ocorrerá após o arrebatamento da Igreja. Para aqueles que ouviram o evangelho e foram deixados para trás, "Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, e sejam condenados todos os que não creram na verdade" (2 Ts 2:11, 12). Quanto tempo falta para isso acontecer? A Bíblia responde: um piscar de olhos. A hora de crer em Jesus é agora.

Nos próximos 3 minutos, Judas, outra figura do Anticristo, leva os soldados até Jesus. 

 

 

 

274 Traicao e valentia

 


Leitura: João 18:2-11

Judas, o traidor, conhece o lugar onde Jesus está, portanto leva consigo "um destacamento de soldados e alguns guardas enviados pelos chefes dos sacerdotes e fariseus, levando tochas, lanternas e armas" (Jo 18:3). A luz do mundo estava ali, e mesmo assim os homens precisam de lanternas para encontrá-la. Outro evangelho mostra que Judas beija Jesus para identificá-lo para os guardas na noite escura. 

Jesus se adianta a ir ao encontro deles. Ele está pronto para ser preso e conduzido à morte. Mas antes os soldados terão uma pequena amostra de quem é aquele que pretendem aprisionar. "A quem vocês estão procurando?", pergunta Jesus. "A Jesus de Nazaré", respondem eles.

A resposta de Jesus nos remete ao encontro de Moisés com Deus no capítulo 4 do livro de Êxodo. Ao perguntar a Deus o seu nome, Moisés ouviu a resposta: "EU SOU o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: EU SOU me enviou a vocês". A mesma expressão -- "EU SOU" -- sai agora da boca de Jesus e isso é suficiente para fazer os soldados caírem de costas. Ali está o Criador, o Senhor do universo, o "EU SOU", e os soldados são incapazes de suportar apenas um lampejo de sua glória. Este é Jesus e Jeová.

Jesus intercede pelos discípulos. Era a ele que buscavam, portanto que deixassem ir livres os outros. Nenhum deles sofreria dano, nem mesmo Pedro, que em sua impetuosidade sacou da espada e decepou a orelha do servo do sumo sacerdote. Jesus o repreende: "Guarde a espada! Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me deu?". O evangelho de Lucas revela que Jesus curou a orelha do rapaz.

A Palavra de Deus é chamada em Efésios 6 de "espada do Espírito", e em Hebreus 4 de "espada de dois gumes", portanto a repreensão de Jesus faz todo sentido. Jamais deveríamos usar a espada da Palavra de Deus para deixar as pessoas surdas à mesma Palavra. Mas quando é que cortamos orelhas? Quando usamos a Bíblia para agredir as pessoas e as tornamos endurecidas e avessas à verdade. 

Você já se viu metralhando pessoas com versículos, mais para defender sua posição do que por desejo de salvá-las? Pessoas inseguras usam a Palavra de Deus como forma de marcar território. Quando brandimos a espada da Palavra com agressividade, ou a usamos para criar em nós uma aura de piedade, podemos estar tentando compensar nossa própria falta de comunhão com Deus.

A valentia de Pedro só confirmava sua insegurança. Horas depois ele negaria Jesus. O piedoso beijo de Judas escondia a traição do filho do diabo que ele realmente era. E você, como tem usado a Palavra de Deus? Para cortar orelhas ou para curar os surdos? Para exibir sua piedade ou para revelar o Salvador?

Nos próximos 3 minutos o Juiz é julgado.

 

 

 

 

275 O julgamento do Juiz

 


Leitura: João 18:12-14

Apesar de Jesus pregar publicamente, nunca as autoridades conseguiram prendê-lo. Não faltou ocasião, pois neste mesmo evangelho de João, nos capítulos 8 e 10, os judeus tentam apedrejá-lo sem conseguirem. Ainda não era chegada sua hora. A morte de Jesus estava nos planos eternos de Deus, por isso ela só poderia ocorrer quando Deus assim determinasse. 

Agora Jesus se deixa amarrar e ser levado a Anás, que tinha sido sacerdote no ano anterior. Primeiro Jesus deve passar pelo julgamento das autoridades religiosas, e só depois ser entregue à autoridade civil. Por estarem sob o domínio romano, os judeus não têm poder para condenar alguém à morte.

É interessante este detalhe, pois séculos antes havia sido profetizado que o Messias de Israel seria crucificado conforme o costume romano, e não apedrejado, que era a execução imposta pela lei judaica. Portanto era preciso que a nação de Israel estivesse na condição em que está aqui, sujeita a um invasor gentio, para que as profecias da morte de Jesus se cumprissem.

No Salmo 22 você encontra: "Traspassaram -- isto é, perfuraram ou atravessaram -- minhas mãos e meus pés" (Sl 22:16). O profeta Zacarias previu: "Olharão para mim, aquele a quem traspassaram" (Zc 12:10). Isaías profetizou o mesmo, acrescentando ainda a razão de sua morte: "Ele foi traspassado por causa das nossas transgressões" (Is 13:5). 

Em sua carta aos Romanos, o apóstolo Paulo lembra uma citação do capítulo 21 de Deuteronômio que diz: "Qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus" (Dt 21:22, 23). Mas como Jesus, na cruz, poderia ser amaldiçoado por Deus? Por ter sido feito pecado ali por nós. Deus não podia ter qualquer ligação com o pecado, portanto não só o abandonou na cruz, como também o considerou maldito e lançou sobre ele o fogo do juízo contra o pecado. 

O que Jesus sofreu nas mãos dos homens não difere muito da tortura que muitos prisioneiros receberam ao longo da história. Mas o que ele sofreu nas mãos de Deus é inigualável; é a soma de todos os medos que aterrorizam cada pecador que terá de se apresentar diante de Deus com seus pecados para receber o juízo. Em Jesus esse terror, sofrimento e dor foram multiplicados pelo pecado do mundo e dos que seriam salvos por ele, e elevados à enésima potência da eternidade.

Mal sabiam os juízes Anás, Caifás e Pilatos que Jesus estava prestes a ser julgado com maior rigor e severidade pelo próprio Deus. E tampouco poderiam eles imaginar que aquele réu, fraco e humilde, voltaria como Juiz, para julgá-los e a todos os que não tiveram seus pecados pagos por Jesus na cruz.

Nos próximos 3 minutos Pedro e João têm seus temperamentos revelados.

 

 

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276 Temperamentos

 


Leitura: João 18:15-16

Tem início o julgamento de Jesus. Dois discípulos o seguem na incerteza do que irá acontecer. Um deles é Pedro, e o outro talvez seja João, o autor do evangelho. Este deve ser conhecido da família do sumo sacerdote, pois entra na casa e em seguida sai para buscar Pedro, que não conseguira entrar. 

Cada um de nós nasce com um temperamento que faz parte de nossa identidade. João parece ser um homem dócil e afável, que ama e é fácil de ser amado. Pedro, por sua vez, é impulsivo e direto. São características humanas que podem estar sob o controle do Espírito ou dos sentidos, às vezes chamados de carne. Assim como eu e você, Pedro e João são pecadores por natureza, e tudo neles, inclusive o temperamento, foi corrompido pelo pecado. 

João, com seu temperamento dócil, é mais diplomático e apto a conquistar amizades e acessos, como o da casa do sumo sacerdote. Pessoas acessíveis têm fácil acesso. Pedro, por sua vez, está no outro extremo. Ele é o homem de pavio curto, muito útil para comandar um batalhão, trabalhar de capataz ou ser o primeiro a mergulhar no mar para ir ao encontro do Senhor. Mas dificilmente conseguirá um emprego como relações públicas. Pedro e João sempre foram assim, e essas características fazem deles indivíduos, cada um com uma identidade própria. O problema não é o temperamento, mas o que o controla.

O ser humano passa por diferentes estágios -- infância, adolescência e fase adulta -- sem perder sua identidade. Em cada fase ele pensa e age de modo diferente, mas é sempre o mesmo ser humano e jamais perderá essa essência. Deus criou o homem e disse que era muito bom. Se assim não fosse, Jesus não teria vindo em um corpo humano. Ao contrário de Jesus, porém, todos nós temos uma natureza pecaminosa que nos incita a pecar. Mas é você, como um ser responsável, quem peca ao se deixar guiar por ela, e deverá prestar contas disso.

O problema é que se você ainda não se converteu a Jesus, você só possui a carne para movê-lo; você só pode ser guiado pela carne e pelos pensamentos, como uma marionete de Satanás. Aquele que, pela fé em Jesus, é nascido de Deus possui, além dessa mesma velha e caída natureza, uma natureza santa e perfeita que vem de Deus. Quando você deixa a velha carne no comando, você peca. Quando você se deixa guiar pelo Espírito de Deus, você age segundo a vontade de Deus.

O problema no Éden foi Eva se deixar guiar pelos sentidos: a árvore era boa para comer, agradável aos olhos e boa para dar entendimento. Havia um apelo sensorial ao corpo, à alma e ao espírito, e ela se deixou levar. Quando nos deixamos guiar pelo que é sensorial, pecamos. Na carta do apóstolo Judas, encontramos a característica dos homens ímpios: eles são "sensuais". Como animais irracionais, eles são guiados pelos sentidos, não pelo Espírito de Deus.

Nos próximos 3 minutos o temperamento intrépido de Pedro é colocado à prova.

 

 

277 Na roda dos impios

 


Leitura: João 18:17-27

Enquanto os homens conspiram para entregar Jesus à morte, a carne de Pedro conspira contra ele. Graças à intervenção de João, ele é admitido no pátio interior da casa do sumo sacerdote, mas logo procura a companhia dos guardas e outros que ajudaram a prender Jesus, para se aquecer em torno da mesma fogueira.

Pedro é reconhecido por uma mulher: "Você não é um dos discípulos desse homem?" Ele nega por medo da mulher. Então é a vez dos que estão ao redor da fogueira questionarem: "Você não é um dos discípulos dele?". Pedro nega outra vez. Finalmente é reconhecido pelo parente do homem que teve a orelha cortada: "Eu não o vi com ele no olival?". Pedro nega pela terceira vez e o galo canta. 

O evangelho de Lucas dá mais detalhes do que acontece após o galo cantar: "O Senhor voltou-se e olhou diretamente para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra que o Senhor lhe tinha dito: 'Antes que o galo cante hoje, você me negará três vezes'. Saindo dali, chorou amargamente" (Lc 22:61). Prestes a morrer, Jesus preocupa-se com seu discípulo. Ele já sabia que Pedro iria fraquejar e tinha orado por ele. Agora é com o olhar, e não com uma repreensão, que Jesus toca o coração covarde do discípulo corajoso. Aquele que se dizia disposto a encarar a morte por Jesus não teve sequer coragem de encarar a pergunta de uma mulher.

Se Pedro vivesse nos dias de hoje ele seria um assíduo consumidor de livros e palestras de autoajuda, com mensagens do tipo "Confie em si mesmo", "Descubra o poder que há em seu interior" ou "Siga o seu coração". Tudo isso pode soar bonito, mas não passa de confiança na carne. Um pouco antes Jesus tinha deixado claro aos discípulos que, por maior disposição de espírito que eles demonstrassem ter, a carne é fraca. Confiar na carne e nos sentidos nos deixa vulneráveis ao pecado. Pedro que o diga.

Sempre desconfie de sua capacidade natural quando ela é colocada ao serviço do Senhor pela vontade própria. Jeremias escreveu que é maldito o homem que confia no homem, e isso inclui confiar em si mesmo. O temperamento de Pedro só podia ser útil quando controlado pelo Espírito de Deus, como em Atos 4:13, quando Anás e Caifás darão testemunho da intrepidez e coragem de Pedro ao testemunhar de Jesus sob o risco de morrer por isso.

O primeiro Salmo diz que é feliz o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Assentado na roda dos ímpios guardas, em busca daquilo que os aquece, Pedro nega a Jesus. Sempre que você buscar conforto na companhia dos ímpios, seu testemunho será enfraquecido e você acabará sendo uma negação daquilo que deveria ser neste mundo: um testemunho para Jesus.

Nos próximos 3 minutos Jesus é interrogado.

 

       

 

 

278 Um prisioneiro perfeito

 


Leitura: João 18:17-27

Um grande engano disseminado até mesmo entre cristãos é que a salvação possa ser obtida pela imitação de Cristo. Evidentemente o cristão, que já teve os seus pecados perdoados pela fé em Cristo graças à sua morte na cruz, tem em Jesus o exemplo de um homem perfeito e deve sim imitá-lo. Mas isso é depois de ter nascido de novo e ter a certeza de sua salvação.

Em sua carta aos Efésios, capítulo 5, Paulo escreve para que "sejam imitadores de Deus, como filhos amados" (Ef 5:1), e segue falando das virtudes que devem acompanhar a vida cristã. Em 1 Coríntios 11 ele exorta os cristãos: "tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo" (1 Co 11:1). Paulo os convida a seguirem seu próprio exemplo, portanto é salutar imitarmos aqueles que andam na fé em Jesus. Mas isso é um complemento à vida cristã, e não o meio pelo qual você recebe a salvação, a qual só pode ser obtida pela fé em Cristo. 

Se você tentar imitar Jesus para obter a salvação, terá de começar sendo sem pecado, porque Jesus veio ao mundo sem pecado. O problema é que eu e você viemos ao mundo com uma natureza arruinada que nos fez pecadores desde a concepção. É impossível que, pela imitação, você se torne puro e sem pecado. Por mais que um cão imite um gato, o máximo que consegue é latir com um "miau". Mas ele continuará sendo um cão em sua essência e por natureza.

Compare os julgamentos de Jesus aqui e de Paulo no capítulo 23 de Atos. Aqui Jesus é esbofeteado por um dos guardas do sumo sacerdote, que diz: "Isso é jeito de responder ao sumo sacerdote?", ao que Jesus responde: "Se eu disse algo de mal, denuncie o mal. Mas se falei a verdade, por que me bateu? ". A resposta de Jesus é perfeita e desmonta todos os argumentos de seus juízes.

Paulo, em uma situação semelhante, porém guiado pela própria carne e não pelo Espírito, responde: "Deus te ferirá, parede branqueada! Estás aí sentado para me julgar conforme a lei, mas contra a lei me mandas ferir?", e recebe o troco: "Você ousa insultar o sumo sacerdote de Deus?", ao que é obrigado a se retratar: "Irmãos, eu não sabia que ele era o sumo sacerdote, pois está escrito: 'Não fale mal de uma autoridade do seu povo'".

Jesus, Deus e homem perfeito, jamais precisou se retratar porque em momento algum foi movido por outra natureza que não fosse a sua natureza divina e perfeita. Paulo, nascido de novo e possuidor da nova natureza e do Espírito Santo habitando em si, foi obrigado a pedir desculpas por ter deixado sua carne tomar o controle da situação. Assim somos nós em nossas atitudes e palavras, quando comparados ao Senhor Jesus.

Nos próximos 3 minutos Jesus é enviado a Pilatos para ser julgado pelo poder civil.

 

   

 

 

279 De costas para a Verdade

 


Leitura: João 18:28-40

Após terem julgado Jesus sem conseguirem acusá-lo de coisa alguma que não fosse a verdade, os sacerdotes decidem enviá-lo a Pilatos, o governador romano. A cena é bizarra, pois representa bem como age o homem religioso e zeloso, porém longe de Deus. Os judeus que acompanham Jesus não entram na residência de Pilatos a fim de evitarem se contaminar com o mal que havia nas habitações dos que não eram judeus. Afinal, era o tempo da Páscoa, e eles queriam continuar participando das celebrações limpos de qualquer culpa. 

Seria cômico se não fosse trágico: ao mesmo tempo em que cumprem suas responsabilidades religiosas eles entregam à morte o próprio Filho de Deus. Este é um exemplo clássico da responsabilidade moral sendo atropelada pelo costume ritual. Enquanto evitam se contaminar na casa de um juiz romano e humano, se contaminam com a culpa do assassinato do Juiz divino de todos os homens! Que paredes podiam ser mais imundas que as de seus próprios corações? Pilatos, sim, é quem deveria temer receber aqueles monstros em sua casa.

Mas ali está um homem igualmente ímpio, indo encontrar os judeus do lado de fora para não desagradá-los. "Qual é a acusação", pergunta ele. A resposta é que Jesus é criminoso e merece morrer, uma sentença que apenas o invasor romano pode declarar. Na verdade, a acusação que os judeus têm contra Jesus tem dois aspectos. Primeiro, o aspecto religioso: Ele deve morrer por ter blasfemado ao declarar-se o Cristo, o Filho de Deus, fazendo-se assim igual a Deus. Segundo, o aspecto civil: Jesus diz que é o rei dos judeus, e qualquer um com tais pretensões é visto pelo Império Romano como reacionário e digno de morte.

Pilatos está claramente incomodado pela obrigação de julgar aquele homem em quem não vê crime algum, mas apenas uma intriga dos judeus. No diálogo que se segue Jesus declara que seu reino não é deste mundo, aonde ele desceu para dar testemunho da verdade. Todos os que são da verdade dão ouvidos a ele. É aqui que a sorte de Pilatos é selada. Ele não é da verdade e nem quer ser. Por isso, ao perguntar "O que é a verdade?", não espera pela resposta. Dá as costas para Jesus e volta-se aos judeus, com os quais quer manter boas relações. Pilatos é político.

Numa última tentativa de livrar Jesus da morte, ele oferece cumprir o costume de soltar um prisioneiro por ocasião da Páscoa, uma espécie de indulto governamental. Mas os judeus não querem Jesus solto. Preferem que Pilatos solte um criminoso, Barrabás. E Jesus? Que seja crucificado. Se você já escutou a frase "A voz do povo é a voz de Deus", saiba que ela não está na Bíblia. Nesta eleição democrática ocorrida há dois mil anos a voz do povo vota em Barrabás.

Nos próximos 3 minutos a humanidade revela qual é a sua real intenção para com Deus: acabar com ele.

 

 

 

 

280 Livrando-se de Deus

 


Leitura: João 19Gênesis 3 e 4

Chegamos agora ao capítulo mais solene, não só deste evangelho, mas de toda a história da humanidade: a morte de Jesus. Ele já havia indicado que se o grão de trigo apenas caísse na terra, de nada adiantaria, pois ficaria só. Mas se morresse, germinaria e daria muito fruto. Por isso Jesus deve morrer.

Porém, ao mesmo tempo em que ele deve cumprir o propósito de sua vinda ao mundo, os seres humanos devem revelar sua real disposição para com Deus: livrarem-se dele. No capítulo anterior Jesus diz a Pilatos que aquele que o tinha entregado ao governador romano era "culpado de um pecado maior". Portanto deve existir uma escala de culpabilidade conforme a gravidade do mal. 

Neste capítulo atingimos o ápice dessa escala da maldade: o homem está prestes a livrar-se de Deus, não apenas conceitualmente falando, mas de uma maneira prática, cruel e cabal. Ao menos ele pensa que pode conseguir isso para perpetuar-se no poder como deus e senhor de seu próprio destino.

Ao longo das eras Deus tratou com o homem de diferentes maneiras. Chamamos a isso de dispensações. No Éden ele lidou com o ser humano em um estado de inocência, e o homem falhou ao querer livrar-se de Deus. A palavra "pecado" significa viver independente de um elemento regulador. "Vocês serão como Deus", prometeu a serpente apontando para a autossuficiência. Eva acreditou.

No período que vai da queda do homem ao dilúvio Deus tratou com a humanidade em um estado de consciência. O ser humano agora conhecia o bem e o mal, embora fosse incapaz de fazer o bem e evitar o mal. Abra o jornal e você verá que é assim até hoje. No Éden o homem tentou dispensar a Deus e ocupar sua vaga. Não deu certo, então ele tentou a mesma coisa de diferentes maneiras.

Não satisfeito em livrar-se da concorrência divina, o homem quis também livrar-se da concorrência humana. Caim matou seu irmão, tornando-se, juntamente com seus descendentes, pioneiro em muitas coisas. Foi pioneiro no homicídio e fundou a primeira cidade, sendo também o primeiro a dar nomes de pessoas às coisas feitas pelo homem. Sua cidade ganhou o nome de seu filho Enoque. 

Lameque, descendente de Caim, foi o pioneiro da poligamia e do homicídio em defesa própria, e seus três filhos inventaram a pecuária, a música e a tecnologia. O homem fincava assim sua bandeira no mundo e o adornava para viver nele confortavelmente, porém sem a intromissão de Deus. Enquanto isso Adão e Eva tinham outro filho, chamado Sete, de quem nasceu Enos, que significa "frágil" ou "mortal". Foi nessa época que se passou a invocar o nome do Senhor e é dessa linhagem que veio Jesus, o Salvador do mundo.

Nos próximos 3 minutos a terra antes do dilúvio parece tirada de um conto de literatura fantástica.

 

 

 

281 Viagem no tempo

 


Leitura: Gênesis 5 e 6

A terra antes do dilúvio é de causar inveja em qualquer autor de literatura fantástica. Era um planeta totalmente diferente. Não chovia -- uma névoa regava as plantas. As condições atmosféricas, de radiação solar e menor degradação genética permitiam que sua população vegetariana vivesse por quase mil anos. Sim, vegetariana, porque a carne só seria dada por alimento após o Dilúvio.

A população na véspera do Dilúvio poderia ser igual ou maior que a atual. Faça as contas e você verá.* Havia uma única civilização, um único idioma e um único continente. A expectativa de vida era medida em séculos e as pessoas transmitiam verbalmente e de primeira mão séculos de conhecimento. O pai e o avô de Noé eram contemporâneos de Adão, que lhes contou o que aconteceu no Éden. Por isso não havia idolatria antes do dilúvio. As pessoas sabiam que Deus era real, porém tentavam substituí-lo pela capacidade humana, como fazem os modernos humanistas.

No Éden Satanás fora avisado de que um descendente da mulher esmagaria sua cabeça, por isso armou um plano para corromper a linhagem humana. Seus anjos caídos desertaram de seu estado natural, assumiram a forma humana e fecundaram mulheres, que geraram seres híbridos e poderosos conhecidos por "nefilins" ou "gigantes". Agora você já sabe de onde vêm as antigas lendas de titãs e semideuses. Não são lendas; eles realmente existiram.

Naquele mundo de habitantes centenários, convivendo com titãs com poderes só vistos nos livros de ficção, Deus era reconhecido e respeitado por poucos. Pouquíssimos, se você considerar que apenas Noé, sua esposa, filhos e noras -- oito pessoas -- acreditaram na Palavra de Deus de que o mundo seria destruído. Somente eles entraram na imensa arca repleta de animais, cuja porta foi fechada do lado de fora pelo próprio Deus.

Por mais de cem anos Noé anunciou publicamente, tanto o juízo de Deus quanto a salvação pela fé. Jesus, em Espírito, pregava por intermédio de Noé aos que mais tarde teriam seus espíritos em prisão por rejeitarem a Palavra de Deus. Para serem salvos teria bastado crer na Palavra de Deus e estar no lugar que Deus determinou: a arca. Mas isso exigia fé, pois a arca foi construída em terra seca numa época quando ninguém sabia o que era chuva, quanto mais um dilúvio.

Hoje Deus avisa que este mundo será mais uma vez destruído, só que por fogo. Desta vez a salvação está numa Pessoa, Jesus, o Filho de Deus, o único sobre quem o fogo do juízo divino já caiu. Para ser salvo de uma enchente você precisa flutuar sobre ela. Para ser salvo do fogo, você precisa estar onde ele já queimou. 

Nos próximos 3 minutos o homem encontra mais maneiras de se esquivar de Deus.

 

 

 

282 Uma nova chance

 


Leitura: Gênesis 7 a 11

Deus decidiu dar outra chance à humanidade, recomeçando por intermédio de Noé e abrindo a dispensação que podemos chamar de 'governo humano'. Noé recebeu autoridade sobre seus semelhantes, inclusive com poder de condenar à morte aquele que derramasse o sangue de seu próximo. Isso nunca foi revogado por Deus.

Ao saírem da arca, Noé e seus filhos encontraram um mundo diferente. A expectativa de vida, que em poucas gerações cairia para os 120 anos, continuaria a cair até atingir a média de 30 anos. Foi só no século 20 que a medicina reverteu essa tendência e hoje a média gira em torno dos 70 anos, quase 900 anos menos que a idade de Matusalém, avô de Noé.

Nesse novo mundo Deus deu a carne como alimento, e os animais passaram a temer e a fugir dos homens, o que não acontecia antes. Tudo ia bem, até Noé, o primeiro governador desses novos tempos, sucumbir à embriaguez e cair em desgraça. Como sempre acontece nas dispensações, tudo começa bem e acaba mal. Os descendentes de Noé cuidaram disso no capítulo 11 de Gênesis. 

Ali nós os encontramos pretenciosos e declarando-se donos do mundo. Eles dizem: "Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra" (Gn 11:4). Porém Deus, falando na primeira pessoa do plural por ser uma ação do Pai, do Filho e do Espírito Santo, declara: 

"Eles são um só povo e falam uma só língua, e começaram a construir isso. Em breve nada poderá impedir o que planejam fazer. Venham, desçamos e confundamos a língua que falam, para que não entendam mais uns aos outros" (Gn 11:6-7). O relato bíblico continua dizendo que "o Senhor os dispersou dali por toda a terra, e pararam de construir a cidade. Por isso foi chamada Babel [que significa 'confusão'], porque ali o Senhor confundiu a língua de todo o mundo".

O homem havia falhado na inocência, na consciência e no governo humano. Deus agora chamaria um para fora da idolatria que assolava o mundo e lhe daria uma promessa. Abrão, nome que significa "pai exaltado", mais tarde seria chamado de Abraão, ou "pai de uma multidão". Deus prometia a ele uma terra -- Canaã -- e uma posteridade, porém não sem sacrifício. Prefigurando o que o próprio Deus faria séculos mais tarde com seu Filho, Abraão recebeu a ordem de sacrificar Isaque, seu filho, em holocausto a Deus. 

Aquilo tinha por objetivo provar a fé de Abraão, de que Deus traria seu filho de volta da morte. Uma vez satisfeito, Deus interrompeu o sacrifício e entregou um carneiro para ser morto em lugar de Isaque. Anos mais tarde o sacrifício do Filho de Deus não seria interrompido. O Cordeiro de Deus teria mesmo de morrer.

Nos próximos 3 minutos Deus dá uma chance a um povo teimoso e obstinado: Israel.

 

 

 

 

283 De sangue em sangue

 


Leitura: Êxodo 12

Depois de pecarem e perderem sua inocência, Adão e Eva viram Deus sacrificar um animal e fazer vestimentas de peles para eles. O sangue de um animal inocente derramado em prol do pecador permitia que Deus continuasse agindo em graça para com o homem. Abel mostrou ter consciência disso, pois também fez um sacrifício de sangue que foi aceito por Deus na dispensação da consciência. 

Noé deu início à terceira dispensação -- do governo humano -- derramando o sangue no sacrifício de animais e aves que levara na arca para esse fim. A promessa dada a Abraão em sua dispensação também estava associada a um sacrifício, do próprio filho do patriarca, substituído na última hora por um carneiro. A graça de Deus permaneceria disponível ao homem, sempre à sombra do sangue de animais inocentes sacrificados em lugar do pecador. 

Encontramos agora os descendentes de Abraão como escravos no Egito e chamados de Israel. Este foi o nome que Deus deu a Jacó, neto de Abraão, para que fosse o patriarca de um povo ao qual foi dada a Lei. A dispensação da Lei inicia com o sangue de animais sacrificados nas casas dos israelitas no Egito, para protegê-los do juízo que cairia sobre os primogênitos daquela terra.

Deus testava o homem para ver se era capaz de viver pelos padrões divinos. A verdade é que a Lei nunca foi obedecida por homem algum, exceto Jesus. A razão é simples: quem transgredisse qualquer mandamento seria culpado de toda a Lei, e um dos mandamentos simplesmente proibia o homem de cobiçar. Experimente parar de pensar em pecar e você se achará pecando em pensamento.

Antes da formação da Igreja, nunca um povo havia sido tão privilegiado como foi Israel. E nunca antes o homem tinha afrontado a Deus da maneira que esse mesmo povo afrontou ao condenar seu Messias à morte. A dispensação da Lei continuou até Jesus pagar pela transgressão da mesma Lei, não por ele, mas pela nação de Israel. No capítulo 11 do evangelho de João isso foi profetizado por Caifás, o sumo sacerdote:

"É melhor que morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação". João continua explicando que "ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação judaica, e não somente por aquela nação, mas também pelos filhos de Deus que estão espalhados, para reuni-los em um corpo" (Jo 11:50-52).

Agora, não mais com o sangue de animais, mas sim de seu próprio Filho, Deus podia tratar com o homem em pura graça na dispensação que leva este nome. "A lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde aumentou o pecado, transbordou a graça, a fim de que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm 5:20).

Nos próximos 3 minutos Jesus é pego em um fogo cruzado.

 

 

 

 

284 No fogo cruzado

 


Leitura: João 19:1-12

Dois homens são pegos em um fogo cruzado. Um é Jesus, atacado de todos os lados pelo povo, clero e soldados. Logo mais ele seria pego em outro fogo cruzado: a cruz. Suas criaturas continuariam a atacá-lo de um lado, enquanto Deus o atacaria de outro, castigando-o por pecados que ele não cometeu.

No capítulo 50 de Isaías o próprio Jesus descreve, de forma profética, o momento em que é coroado de espinhos e vestido com a capa roxa de um rei: "Ofereci minhas costas para aqueles que me batiam, meu rosto para aqueles que arrancavam minha barba; não escondi a face da zombaria e da cuspida" (Is 50:6). 

Antes de ter suas mãos e pés perfurados pelos pregos, Jesus precisou permitir, por assim dizer, que Deus furasse suas orelhas. No capítulo 21 do livro de Êxodo, a Lei determinava que um escravo hebreu só seria escravo por seis anos. Ao sétimo ele sairia livre. Porém, se tivesse recebido de seu senhor uma esposa, e esta lhe tivesse dado filhos, apenas ele estaria livre.

Mas havia uma maneira de mostrar seu amor pela esposa: recusar a liberdade. Para isso o seu senhor deveria levá-lo à presença dos juízes, colocar sua orelha de encontro ao batente da porta, e furá-la com uma ponta de metal. A madeira do batente ficaria marcada e a orelha do escravo perfurada. Para sempre ele levaria em seu corpo a marca de seu amor pela mulher.

No Salmo 40, Jesus profeticamente fala ao Pai: "Sacrifício e oferta não quiseste; as minhas orelhas furaste". Por amor de sua noiva, a Igreja, Cristo se fez servo e se dispôs a morrer. No mesmo Salmo ele continua: "Tenho grande alegria em fazer a tua vontade, ó meu Deus" (Sl 40:6-8). Por isso neste evangelho vemos um Jesus sereno e tranquilo em meio a chibatadas, socos e cuspidas. Ele sabe que é a vontade do Pai que ele dê sua vida como sacrifício em lugar do pecador.

Pilatos, porém, está atribulado. Três vezes ele disse não ver crime algum em Jesus e tentou fazer os judeus mudarem de ideia. Sua esposa o alertou para não se envolver com aquele justo, pois tivera um sonho ruim. O terror de Pilatos aumenta quando os judeus dizem que Jesus declarou ser Filho de Deus. "De onde você vem?", pergunta Pilatos a Jesus. Sem resposta. O orgulho de Pilatos lhe sobe à cabeça: "Não sabe que eu tenho autoridade para libertá-lo e para crucificá-lo?". Agora Jesus responde: "Não terias nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima". 

Pilatos está apavorado, porém o brado dos judeus é decisivo: "Se deixares esse homem livre, não és amigo de César". Pilatos não pretende correr esse risco, por mais que sua consciência lhe diga para fazer o contrário.

Nos próximos 3 minutos é minha vez de perguntar: "Qual é o seu César?".

 

 

 

285 Vem, Senhor Jesus!

 


Leitura: João 19:13-16

Pilatos já se decidiu. Não pretende trocar a amizade passageira de César pela companhia eterna de Jesus. Os judeus gritam histéricos "Crucifica-o!", já decididos de que lado preferem ficar. Quando Pilatos pergunta "Devo crucificar o rei de vocês?", a resposta unânime dos sacerdotes é: "Não temos rei, senão César". Eles trocam o Messias que aguardavam há séculos pelo ditador romano.

Muitos deles estariam vivos trinta e poucos anos mais tarde, quando os romanos destruíssem Jerusalém. O Templo, revestido por dentro de madeira e ouro, seria incendiado e depois desmontado pedra por pedra, para os romanos rasparem o ouro derretido. Jesus avisou: "Não ficará pedra sobre pedra". Ao rejeitarem seu Messias e Rei em troca da ilusão de grandeza e glória que o Império Romano imprimia na mente dos povos conquistados, os judeus perderam tudo. 

E você, qual é o seu César? Hoje a Europa, o antigo Império Romano que retorna das cinzas, espera por um líder que restaure suas esperanças de grandeza e glória. Ele virá, a Bíblia diz, mas não é por ele que eu espero. E você?

A esperança do cristão é clara: ele aguarda por seu Senhor, e não pela chegada do anticristo, da tribulação ou de catástrofes globais. As últimas palavras de Jesus em Apocalipse são: "Venho em breve!". A resposta dos que são seus é: "Amém. Vem, Senhor Jesus!". Nos seus dias o apóstolo Paulo já esperava o Senhor vir arrebatar sua Igreja. Ele se inclui neste evento ao dizer "nós... os que ficarmos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares" (1 Ts 4:15-18).

Quanto tempo falta? A carta aos hebreus responde: "breve, muito breve". No grego a palavra "micron" aparece com o sentido de um átimo. Pelo menos é como irá parecer para aqueles que estiveram com Cristo. A espera terá sido desprezível diante da visão daquele para quem e por meio de quem todas as coisas existem. Em sua carta aos Coríntios, Paulo se inclui outra vez entre estes: "Num momento, num abrir e fechar de olhos... nós seremos transformados" (1 Co 15:52). 

Ele não teria dito "nós" se esperasse que o evangelho do reino fosse pregado em todo o mundo, que chegasse a "grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo", e que o anticristo se manifestasse. Ele disse "nós" porque ser arrebatado para estar com Jesus era o primeiro evento em sua lista de coisas a se cumprirem. 

E você, está esperando o quê? Sua agenda é a Bíblia, o calendário asteca ou Nostradamus? Seu bilhete de embarque está marcado para daqui a um piscar de olhos, um ano ou uma década? Você será surpreendido como por um ladrão à noite, que vem para estragar sua festa, ou estará aguardando pelo Noivo, com a expectativa de uma noiva?

Nos próximos 3 minutos Jesus é fichado em grego, latim e hebraico.

 

 

 

 

286 "The End"

 


Leitura: João 19:16-22

Jesus é levado para fora da cidade e pregado numa cruz. A profecia de Isaías se cumpre quanto aos seus parceiros na morte: "Foi contado entre os transgressores" (Is 53:12). Pilatos manda pregar sobre a cruz a ficha criminal de Jesus, escrita em grego, latim e hebraico, com o motivo da condenação: "JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS". A execução é universal.

O grego é a língua da cultura, da ciência, das artes, dos esportes e do comércio global. O latim, do invasor romano, é o idioma do poder civil, militar e judiciário. Até hoje o direito romano é ensinado nas escolas. O hebraico é a língua da religião do homem em seu estado natural. Toda a civilização participa da execução; e é executada por ela.

Ao mesmo tempo a cruz anuncia que o único crime pelo qual Jesus está sendo condenado é o de ser quem ele realmente é: o Rei dos judeus. Porém os judeus lhe dão uma cruz em lugar de trono, e espinhos por coroa. Um dia ele voltará para reinar por mil anos sobre o mesmo povo de Israel que o rejeitou e todos os gentios que estiverem na terra.

Mas sua missão aqui não se limita a ser o Messias e Rei dos judeus. Jesus está prestes a cumprir uma obra de valor eterno: tirar o pecado do mundo e salvar o pecador. A primeira carta de Pedro o chama de "o cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos". 

Antes que o mundo existisse, ou que Adão fosse criado e arruinado pelo pecado, Jesus já estava preparado como o Cordeiro a ser sacrificado. O remédio para o pecado estava pronto antes mesmo da chegada da epidemia. Mesmo assim as pessoas ainda procuram por uma salvação em coisas que só vieram a existir depois da criação do mundo. Quais? Religião é uma delas. 

A religião é a tentativa de religar o homem a Deus por meio de esforços humanos de compensação pelo pecado. Caridade, boas obras ou penitências são alguns de seus recursos. Outra tentativa é buscar a salvação em uma instituição, seja ela chamada igreja ou com outro nome, ou em algum homem ou ídolo. A pergunta é simples: estas coisas existiam antes da criação do mundo? Então não servem.

Deus não quer religar coisa alguma e nem nos fazer voltar ao estado de Adão. Deus quer pôr um fim no primeiro homem, Adão, e inaugurar uma nova criação em Jesus. "Se alguém está em Cristo, é nova criação" (2 Co 5:17). Na cruz Deus encerra uma etapa. Não é só Jesus que está sendo crucificado ali -- com ele morrem o homem, o mundo e o pecado. A cruz é o ponto final onde a velha criação dá lugar à nova. Por isso na cruz ele diz: "Está consumado".

Nos próximos 3 minutos vemos um sorteio aos pés da cruz.

 

 

 

287 O sorteio

 


Leitura: João 19:23-24

Em alguns minutos Jesus será o alvo de toda a ira divina contra o pecado. Ele está prestes a morrer no lugar do pecador, sofrendo uma eternidade no lago de fogo condensada em três horas. Quando terminar, Deus se dará por satisfeito e o ressuscitará para nossa justificação. Ele é o primeiro de uma nova criação.

"A morte veio por meio de um só homem [Adão], também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem [Jesus]. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem" (1 Co 15:21-23).

"O primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente; o último Adão, espírito vivificante... O primeiro homem era do pó da terra; o segundo homem, do céu. Os que são da terra são semelhantes ao homem terreno; os que são do céu, ao homem celestial. Assim como tivemos a imagem do homem terreno, teremos também a imagem do homem celestial" (1 Co 15:47).

Para Adão e Eva, a primeira evidência de que tinham pecado foi perceberem que estavam nus. Jesus é crucificado despido, e é nesta condição -- sem um avental de folhas, um vestido de peles ou suas próprias roupas -- que ele se coloca no lugar do pecador para receber a justa paga pelo pecado. Em humilhação e vergonha, sem qualquer proteção contra o fogo do juízo que está prestes a cair sobre si.

Enquanto isso os soldados sorteiam as poucas peças de roupa de Jesus. Eles ignoram que estão cumprindo a profecia do Salmo 22:18 que diz: "Dividiram as minhas roupas entre si, e tiraram sortes pelas minhas vestes". 

Talvez os soldados queiram vender aquelas vestes. Não são diferentes daqueles que hoje usam das coisas de Jesus para enriquecer. Um dia eles dirão: "Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas?", e o Senhor lhes dirá: "Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!" (Mt 7:23).

Talvez os soldados queiram aproveitar o poder que as pessoa viam sair daquelas vestes. "Aonde quer que ele fosse... suplicavam-lhe que pudessem pelo menos tocar na borda do seu manto; e todos os que nele tocavam eram curados" (Mc 6:56). É só pela saúde que você está interessado em Jesus?

O evangelho de João é o único que diz que a túnica "era sem costura, tecida numa única peça, de alto a baixo". Cada evangelho apresenta Jesus de uma maneira. Em Mateus ele é o Rei, em Marcos o Servo, em Lucas o Homem e em João, Deus. A túnica sem costura, tecida numa única peça, simboliza a perfeição divina de Jesus. Ele é o Homem perfeito, sem costura, ele é Deus.

Nos próximos 3 minutos Maria é entregue aos cuidados de João.

 

 

 

 

288 Joao cuida de Maria

 


Leitura: João 19:25-27

Algumas mulheres estão próximas da cruz, inclusive Maria, mãe de Jesus. Ao lado dela está João, o autor do evangelho. Devemos observar o tratamento usado entre Jesus e os discípulos, a fim de nos precavermos do erro de adotar títulos espirituais ou eclesiásticos sem qualquer base bíblica.

Jesus chama a Deus de Pai, mas não faz o mesmo com José, seu pai adotivo. Maria é chamada pelos discípulos de "mãe de Jesus", mas nunca de "mãe de Deus". Jesus, por sua vez, não a chama de mãe, e sim de "mulher", uma expressão equivalente a "senhora". Depois que os judeus alegam que o poder de Jesus viria do príncipe dos demônios, ele rompe seus vínculos naturais com Israel.

Vemos isto quando avisam que sua mãe e irmãos o procuram. Sua resposta é: "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?", e apontando para os discípulos, diz: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Mt 12:46-50). A última referência a Maria é no capítulo 1 do livro de Atos. Ela não é mencionada nas epístolas, que são as cartas que contêm a doutrina dos apóstolos para a Igreja. 

Os discípulos não chamavam outros discípulos de "pai", mas encontramos João e Paulo chamando de "filhinhos" a seus filhos na fé, aqueles aos quais pregaram o evangelho. O tratamento é de mão única, pois o próprio Jesus ordenou: "A ninguém na terra chamem 'pai', porque vocês só têm um Pai, aquele que está nos céus" (Mt 23:9). O catolicismo adota para seus líderes o título de "padre", que é "pai" em latim, numa clara desobediência à ordem de Jesus. Também usa o título "monsenhor", de origem francesa, que significa "meu senhor". Porém Paulo ensina: "Para nós... há um único Deus, o Pai... e um só Senhor, Jesus Cristo" (1 Co 8:6).

Vemos os discípulos chamarem a Jesus de Senhor, mas nunca de "amigo". Só ele podia chamá-los de "amigos", por revelar a eles coisas que só um amigo deveria saber. Também não os vemos chamando a Jesus de Pai ou de Rei, por não ser esta nossa relação com ele. Ele é Rei para Israel, mas para a Igreja ele é Senhor. Entender estas coisas nos ajuda a compreendermos melhor a Palavra de Deus.

Na cruz Jesus preocupa-se com Maria. "Aí está seu filho", diz a ela, referindo-se a João. "Aí está a sua mãe", diz ele a João. "Daquela hora em diante, o discípulo a levou para casa", numa clara indicação de que seria João quem cuidaria de Maria, e não o contrário. E ambos poderiam contar com Jesus no céu cuidando deles. Ele já havia franqueado esse acesso, ao dizer: "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso" (Mt 11:28). É a ele que nós também devemos recorrer em busca de um perpétuo socorro.

Nos próximos 3 minutos Jesus faz um pedido.

 

 

 

 

289 "Tenho sede"

 


Leitura: João 19:28-29

Na cruz Jesus sofre como homem. Ferido e desidratado, ele pede água. "Tenho sede", diz o criador do universo. Em seu andar aqui ele alimentou, curou e trouxe refrigério a muitos, mas nunca fez algo em benefício próprio. O Salmo 22 descreve este momento: "Meu vigor secou-se como um caco de barro, e a minha língua gruda no céu da boca; deixaste-me no pó, à beira da morte" (Sl 22:15). 

No capítulo 1 deste evangelho João diz que por meio de Jesus todas as coisas foram criadas. A carta aos Hebreus ensina que ele é o que sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder. O livro de Jó diz que ele é o que abre "um canal para a chuva torrencial, e um caminho para a tempestade trovejante, para fazer chover na terra em que não vive nenhum homem, no deserto onde não há ninguém, para matar a sede do deserto árido e nele fazer brotar vegetação" (Jó 38:25-27). Aqui, porém, ele não desvia uma gota sequer para seus lábios ressequidos.

O mesmo capítulo 38 de Jó revela que aos ímpios a luz de Deus é negada. Na cruz, densas trevas caem sobre a terra. A santidade de Deus não pode ter comunhão com o pecado, por isso Jesus deve sofrer ali sozinho e sem luz. Nada descreve de forma tão gráfica o seu sofrimento como a passagem profética do livro de Lamentações. Ali ele fala do juízo que está recebendo do próprio Deus:

"Eu sou o homem que viu a aflição trazida pela vara da sua ira. Ele me impeliu e me fez andar na escuridão, e não na luz; sim, ele voltou sua mão contra mim vez após vez, o tempo todo. Fez que a minha pele e a minha carne envelhecessem e quebrou os meus ossos. Ele me sitiou e me cercou de amargura e de pesar. Fez-me habitar na escuridão como os que há muito morreram. Cercou-me de muros, e não posso escapar; atou-me a pesadas correntes. 

"Mesmo quando chamo ou grito por socorro, ele rejeita a minha oração. Ele impediu o meu caminho com blocos de pedra; e fez tortuosas as minhas sendas. Como um urso à espreita, como um leão escondido, arrancou-me do caminho e despedaçou-me, deixando-me abandonado. Preparou o seu arco e me fez alvo de suas flechas. Atingiu o meu coração com flechas de sua aljava. 

"Tornei-me motivo de riso de todo o meu povo; nas suas canções eles zombam de mim o tempo todo. Fez-me comer ervas amargas e fartou-me de fel. Quebrou os meus dentes com pedras; e pisoteou-me no pó. Tirou-me a paz; esqueci-me do que significa prosperidade. Por isso digo: 'Meu esplendor já se foi, bem como tudo o que eu esperava do Senhor'. Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim" (Lm 3:1-20).

Em resposta ao seu pedido de água, os soldados lhe dão vinagre, cumprindo assim mais uma profecia do Antigo Testamento. Sabe por que Jesus sofreu tanto ali? Por você e por mim. Eu sei que ele pagou ali pelos meus pecados. E você?

Nos próximos 3 minutos Jesus entrega sua vida em sacrifício pelo pecado.

 

 

 

 

290 "Esta consumado"

 


Leitura: João 19:30

As últimas palavras de Jesus na cruz são "Está consumado". E o texto acrescenta: "Com isso, curvou a cabeça e entregou o espírito". É muito importante entender a singularidade destas duas frases, "está consumado" e "entregou o espírito", porque são coisas que jamais poderão ser ditas de homem algum, só de Jesus.

O sentido do "está consumado" é de algo resolvido, e é a mesma palavra grega usada para uma dívida quitada. Jesus está dizendo que está terminado, a dívida está paga, é o fim da questão. Ninguém mais poderá cobrar uma dívida que foi paga, e ninguém poderá condenar um ex-detento que cumpriu toda a sua pena.

Mas que dívida Jesus tinha para ter assim pago na cruz? Que pena de morte era essa que ele cumpriu até o final? A minha dívida e a minha pena. Ao morrer na cruz, aquele que não tinha pecado, jamais pecou e era incapaz de pecar, foi feito pecado em meu lugar. Ali os meus pecados foram colocados sobre ele e Deus o julgou como se estivesse julgando a mim.

Se eu tivesse que me encontrar com Deus no final meu destino certo seria o lago de fogo. Uma pena eterna de dor e ranger de dentes. Eu mesmo não poderia fazer nada para amenizar isso, pois se trata de uma questão judicial. O bom comportamento de um criminoso ao longo de sua vida não diminui a gravidade de seu crime. Ele deve ser julgado.

Eu, um pecador perdido, só poderia ser salvo se alguém sem qualquer mancha de pecado assumisse minha culpa e tomasse o meu lugar no juízo. Foi o que Jesus fez, ou ninguém jamais poderia ser perdoado e salvo eternamente. É por isso que posso ter a certeza de que todos os meus pecados já foram julgados: Jesus os levou sobre si quando eu nem sequer ainda existia. 

O valor da cruz se estende em ambas as direções da história da humanidade -- para o passado e para o futuro. Os que antes morreram crendo na misericórdia e graça de Deus, de que ele faria algo pelo pecador, foram salvos pela obra de Cristo na cruz. Os que vieram depois e creram que Deus já providenciou o Cordeiro para o sacrifício, e que este foi consumado ali, são salvos pela mesma obra. 

Os que continuam tentando obter a salvação confiando em sua própria religião, caridade ou obras de justiça, jamais conseguirão obter o perdão. É simples entender isto: perdão é algo que você faz por merecer ou é algo que a parte ofendida dá por graça e misericórdia? 

Assim é a salvação daquele que crê em Jesus. O que você merecia -- o castigo eterno -- a misericórdia de Deus não lhe dá. O que você não merecia -- a salvação eterna -- a graça de Deus lhe dá. É por isso que se chama graça, caso contrário se chamaria dívida.

Nos próximos 3 minutos saiba por que só Jesus era capaz de morrer.

 

 

 

 

 

291 Morrer

 


Leitura: João 19:30

O verbo morrer, no sentido da morte de Jesus, deveria ser um verbo defectivo, como colorir, reaver ou precaver. Você jamais poderá conjugar estes verbos na primeira pessoa, dizendo "eu coloro", "eu reavo" ou "eu precavo". Apesar de sermos capazes de conjugar o verbo morrer na primeira pessoa, não somos capazes de morrer na prática. Eu explico.

Uma pessoa pode ser morta por uma doença, acidente ou ação criminosa. Ela pode tirar a própria vida tornando-se homicida de si mesma, mas não pode simplesmente morrer. Ninguém é capaz de parar o próprio coração ou desligar suas funções cerebrais. Ninguém é capaz de entregar o espírito, devolvendo-o a Deus. Exceto Jesus.

No capítulo 10 deste evangelho de João, Jesus diz ter um poder sobre-humano: dar a sua vida. Ele diz: "Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem [ou poder] recebi de meu Pai". Os judeus entenderam muito bem o que ele quis dizer, pois "muitos deles diziam: 'Ele está endemoninhado e enlouqueceu'". (Jo 10:15-20). 

Jesus tinha tanto o poder de entregar sua vida -- de realmente morrer na primeira pessoa -- como de ressuscitar. Ele faz uso desse primeiro poder na cruz, mas não ressuscita por si próprio na sepultura. Deus irá fazê-lo, reconhecendo assim que seu foi sacrifício cumpriu toda a justiça. Porque Jesus vive, aqueles que creem nele podem ter a certeza, não apenas de que já foram julgados em Cristo, como de terem nele a garantia da ressurreição.

Obviamente tudo isso só é possível pela fé, que "é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos". Você não é salvo pela razão, mas por tocar o invisível. "Pela fé [e não pela ciência] entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que o que se vê não foi feito do que é visível... "Pela fé Noé, quando avisado a respeito de coisas que ainda não se viam [chuva e dilúvio], movido por santo temor, construiu uma arca para salvar sua família... Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo... Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam" (Hb 11).

Agora você já sabe que se quiser receber o perdão de seus pecados e ter sua dívida para com Deus quitada sem passar pelo juízo final, precisará crer em Jesus; exercitar fé nele e em sua Palavra. Não existe outra maneira. Esta é a única que dá a Deus, e não a você, todo o mérito da sua salvação.

Nos próximos 3 minutos do corpo de Jesus saem sangue e água.

 

 

 

 

292 O lado ferido

 


Leitura: João 19:31-37

Apesar de matarem um inocente, os judeus tentam fazer isso dentro de sua própria versão da Lei de Moisés. Decidem tirar os corpos da cruz para evitar que permaneçam ali no "grande dia de Sábado", que era a preparação para a Páscoa. Porém em Deuteronômio 21, a Lei determinava que quem morresse no madeiro devia ser sepultado no mesmo dia, independente de ser sábado ou não.

Eles decidem apressar a morte dos condenados, mas isso não é feito com um golpe de misericórdia na cabeça; suas pernas são quebradas. Duas ou mais marretadas esmigalham seus ossos, impedindo que eles continuem apoiados nos próprios pés. Pendurados pelos braços e incapazes de tomar fôlego, tem início uma nova agonia: a morte por asfixia.

Mas os ossos de Jesus não são quebrados, pois ele já está morto. Será que os judeus repararam no significado disso? Quando Deus instituiu a Páscoa, ao libertar os israelitas do Egito, ele ordenou que nenhum osso do cordeiro sacrificado fosse quebrado. Jesus é sacrificado aqui com seus ossos intactos.

Para certificar-se de que Jesus está morto, o soldado enfia a lança no seu cadáver. Sangue e água vertem da ferida. Se você já tem a certeza de estar pronto para se encontrar com Deus, e isto não por seus próprios méritos, saiba que é a água e o sangue de um corpo morto que lhe dão esse privilégio. 

No Salmo 51 o rei Davi se conscientiza de seu pecado -- adultério e morte do marido traído -- reconhecendo-se sujo e incapaz de apagar suas transgressões:

"Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão apaga as minhas transgressões. Lava-me de toda a minha culpa e purifica-me do meu pecado. Pois eu mesmo reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me persegue. Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me. Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe. Sei que desejas a verdade no íntimo; e no coração me ensinas a sabedoria. Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e mais branco do que a neve serei. Faze-me ouvir de novo júbilo e alegria; e os ossos que esmagaste exultarão. Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável" (Sl 51:1-10).

Se você quiser viver eternamente no céu precisará reconhecer a perdição que existe dentro de você: o pecado que o corrói. Jesus disse que não veio "chamar justos, mas pecadores ao arrependimento" (Lc 5:32). Você se considera justo? Então não conte com a salvação que Jesus oferece. Você se reconhece pecador? Então é por você que Jesus morreu.

Mas o que significam o sangue e a água que saem do corpo de Jesus? Veja nos próximos 3 minutos... e nos outros também.

 

 

 

 

293 Deus limpa, transforma e da o Espirito

 


Leitura: Ezequiel 36:23-33

Se você ler o capítulo 36 do livro de Ezequiel, dos versículos 23 ao 33, verá a promessa de salvação para Israel. Ali encontramos o modo como Deus salva, o qual é o mesmo para você e para mim. Repare como tudo é Deus quem faz.

Primeiro existe um reconhecimento de pecado e Deus entra em cena separando aquele que ele quer salvar. A passagem diz: "Eu os tirarei das nações", que profanaram o santo nome de Deus. O versículo 25 diz: "Aspergirei água pura sobre vocês, e vocês ficarão puros; eu os purificarei de todas as suas impurezas".

Deus continua: "Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis... vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Eu os livrarei de toda a sua impureza" (Ez 36:26-27).

Veja que tudo é obra exclusivamente de Deus, não do homem. Este recebe de Deus uma nova perspectiva, novos sentimentos, novos desejos. E não para aí: "Então vocês se lembrarão dos seus caminhos maus e das suas ações ímpias, e terão nojo de si mesmos por causa das suas iniquidades e das suas práticas repugnantes... no dia em que eu os purificar de todos os seus pecados..." (Ez 36:31-33).

Veja a sequência: Deus limpa -- "Aspergirei água pura sobre vocês" --; Deus transforma -- "Darei a vocês um coração de carne" --; e Deus dá o Espírito Santo -- "Porei o meu Espírito em vocês". Aí sua vida muda e você passa a pensar e a agir como alguém da família de Deus: Eu "os levarei a agirem segundo os meus decretos... vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus". Você passará a sentir nojo do pecado: "Terão nojo de si mesmos... no dia em que eu os purificar". 

Deus explica por que faz isso: "Quero que vocês saibam que não estou fazendo isso por causa de vocês" (Ez 36:32). Tudo o que faz com você é por causa da glória dele, e é justamente aí que está a sua segurança. Deus salva você por causa da reputação dele, e não pelo que você é. Eu e você somos pecadores e tudo o que merecemos é a condenação eterna por causa dos nossos pecados. 

Depois de salvá-lo, Deus não irá perder você por nada. Lembre-se de que a reputação dele está em jogo. Ninguém poderá tirar você das mãos de Deus: nem o diabo, nem seus pecados e nem você mesmo. Jesus confirma: "Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um" (Jo 10:28-30).

Você irá entender melhor nos próximos 3 minutos, quando descobrir que sua salvação é de cima para baixo, do céu para a terra, de Deus para você.

 

 

 

294 Sangue e agua

 


Leitura: João 19:31-37

Nos últimos 3 minutos vimos que a salvação tem origem em Deus, e não no homem. É Deus quem limpa, transforma e dá o Espírito Santo. Tudo isso graças ao sangue e à água que saíram do corpo morto de Jesus. Vamos agora escutar o que Jesus está dizendo a Nicodemos no capítulo 3 do evangelho de João:

"Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo... se não nascer da água e do Espírito. O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito" (Jo 3:3-6). Como tudo na vida começa com um nascimento, não é diferente a vida nova que você tem em Cristo. É preciso nascer de novo.

Se você acompanhou os últimos 3 minutos viu que primeiro vem a água da purificação, e então Deus dá um novo coração e uma nova natureza que é do céu. Enquanto isso a carne continua a mesma, incapaz de melhorar. "O que nasce da carne é carne", diz Jesus, mas "o que nasce do Espírito é espírito". Então você passa a viver com duas naturezas: a velha, que é incapaz de melhorar por estar totalmente arruinada, e a nova, que é igualmente incapaz de melhorar porque é vinda de Deus, portanto perfeita. 

A menos que você mantenha a velha natureza mortificada, pois a cruz deu um fim nela, você continuará tendo maus pensamentos e o desejo de pecar. Para não dar chance à velha natureza, é preciso andar no Espírito, que é a mola propulsora da nova natureza. Você viverá assim até o dia da ressurreição, quando passará a viver em um corpo semelhante ao de Jesus.

Mas de que água Jesus está falando a Nicodemos, quando fala de "nascer da água"? Certamente não é do batismo, que simboliza morte e não vida. Ele fala da água da purificação, como a que saiu do lado ferido de Jesus. Efésios 5:26 diz que Jesus entregou-se a si mesmo pela Igreja, "para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável".

Não há dúvida, portanto, de que a água que lava e purifica você, aplicada pelo Espírito Santo em sua alma, é a Palavra de Deus. Ela também o regenera, preparando-o para a nova vida: "Pois vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra de Deus, viva e permanente" (1 Pe 1:23).

Hebreus 10:22 fala do acesso que o crente tem à presença de Deus, sem ser julgado ou consumido por sua santidade: "Aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água pura". A água pura você já sabe o que é. Mas o que significa "corações aspergidos"? Veremos isto nos próximos 3 minutos.

 

 

 

 

 

295 Um Deus propicio

 


Leitura: Levítico 16

Sua nova vida começa com água -- a água da Palavra de Deus. Assim foi também em figura na festa de casamento em Caná, na Galiléia, quando Jesus ordenou que os servos enchessem as talhas de pedra com água até em cima. Então ele transformou a água em vinho. Primeiro vem a Palavra, depois a vida e alegria.

Todos os salvos por Cristo, de todas as épocas, um dia saberão que sua salvação só foi possível graças ao sangue e à água que saíram do lado ferido de Jesus. Seu valor e eficácia são eternos, atendendo às santas demandas de Deus, tanto para os que viveram antes da cruz, como depois dela. No Antigo Testamento Deus já havia sinalizado que a salvação seria assim: por meio do sangue e da água.

Se você ler o capítulo 8 de Levítico, verá que a consagração dos sacerdotes começava com a água da purificação, na qual eram banhados. Depois vinha o sangue do sacrifício. Água e sangue, representando a Palavra de Deus, que purifica, e o sangue de Cristo, que permite nos aproximarmos de Deus.

Em Levítico, capítulo 16, você encontra a mesma ordem de água e sangue para o sacrifício. Primeiro o sacerdote toma um banho com água, antes de colocar suas vestes de linho. Então um novilho é sacrificado para fazer propiciação pelo próprio sacerdote e por sua família. 

Para entender de maneira simples a palavra "propiciação", pense nela como Deus sendo propício a você, permitindo que entre na presença dele sem ser consumido, já que alguém deu a vida em seu lugar. Quando encontrar a palavra "expiação", pense na expressão "bode expiatório", que popularmente é entendida como alguém que toma a culpa e é castigado no lugar do culpado. E a palavra "aspergir" significa simplesmente "borrifar" um líquido com os dedos, neste caso, sangue.

No mesmo capítulo aparecem dois bodes: um para servir de expiação pelo pecado, outro como bode emissário. Um era morto, o outro era solto no deserto. Mas antes de soltá-lo, o sacerdote colocava suas mãos sobre a cabeça do bode e confessava os seus pecados e os do povo. Então o bode solto para levar embora os pecados. 

Percebe como esses sacrifícios prefiguravam o sacrifício de Cristo feito uma só vez para tirar os pecados? Jesus tanto morreu, assumindo nossa culpa, como também levou nossos pecados para nunca mais serem trazidos de volta. O sangue do novilho morto era levado para o interior do tabernáculo e ali espargido ou borrifado sobre a tampa da arca da aliança. Qual era o nome dessa tampa? Propiciatório. O sangue era colocado diante de Deus como um lembrete para ele ser propício para com o pecador, pois alguém já tinha dado a vida em seu lugar. 

Depois de saber que há tanto tempo Deus já indicava um substituto para você -- Jesus -- como é que você ainda ousa querer merecer sua salvação com boas obras ou com seus próprios sacrifícios? Será que ainda não caiu a ficha?

 

 

 

 

296 Fim de carreira

 


Leitura: João 19:38-42

O capítulo 19 do evangelho de João termina com o fim da carreira de três pessoas: Jesus, José de Arimatéia e Nicodemos. Jesus encerra sua carreira aqui cumprindo a obra que o Pai lhe havia dado: morrer como um sacrifício em lugar do pecador. Logo ele ressuscitaria e subiria ao céu onde permanece até hoje.

Durante o julgamento e morte de Jesus os apóstolos evitaram qualquer associação com o condenado. Pedro chegou até a negar que o conhecia. É nessas horas que vemos aqueles que se gabam de sua fidelidade saírem de cena, e os mais improváveis tomarem o seu lugar. É o que acontece com estes dois homens, José de Arimatéia e Nicodemos.

Ambos tinham uma carreira bem sucedida como homens públicos e membros do sinédrio, o poder legislativo de Israel. Eles eram o que hoje chamamos de senadores, e Nicodemos também pertencia à seita dos fariseus, os líderes religiosos que perseguiam a Jesus. 

Nicodemos aparece no capítulo 3 deste evangelho conversando com Jesus à noite, com medo de ser visto em sua companhia. No capítulo 7 ele aparece um pouco mais ousado, defendendo Jesus diante de outros senadores e fariseus. Agora nós o vemos com José, pedindo a Pilatos para liberar o corpo de Jesus. Quem mais poderia fazê-lo? Os pescadores Pedro, Tiago e João? Não, Pilatos jamais receberia alguém que não fosse do seu nível social. Deus os preparou para essa hora.

Ambos tinham sido discípulos de Jesus secretamente, mas isso acaba aqui. A partir de agora todos saberão que eles são tão dedicados a Jesus que não se importam de enterrar suas carreiras junto com o cadáver. A partir de agora eles serão rejeitados e perseguidos como qualquer outro cristão.

José cede seu próprio sepulcro. Nicodemos traz mais de trinta quilos de unguentos aromáticos. Os dois homens passam o unguento no corpo de Jesus enquanto o envolvem em faixas de linho. A Lei dos judeus considerava imundos aqueles que cuidavam de cadáveres, mas José e Nicodemos não estão preocupados com isso.

O apóstolo Paulo, outro nobre fariseu, um dia também deu adeus à sua carreira e chamou de esterco toda a sua bagagem social e cultural ao compará-la com o privilégio de conhecer a Cristo. Hoje, no céu, Paulo, José e Nicodemos não têm dúvidas de que valeu a pena assumir publicamente sua fé em Jesus. O mundo não era digno daqueles homens e continua não sendo digno de todos os que assumem uma posição por Jesus, à vezes ao custo de uma carreira, de familiares e amigos, ou mesmo de um relacionamento afetivo.

Como lição de casa sugiro que você leia o capítulo 11 da carta aos Hebreus, e conheça alguns dos milhões que fizeram o mesmo antes mesmo de Jesus ter vindo ao mundo. E nos próximos 3 minutos, Maria Madalena tem uma surpresa.

 

 

 

297 Maria de Magdala

 


Leitura: João 20:1-2

É madrugada do primeiro dia da semana e Maria Madalena já está diante do sepulcro. A morte de Jesus deixou nela uma impressão amarga, e também nas outras mulheres que acompanharam tudo aos pés da cruz. Jesus está morto, e com ele morrem as esperanças de um futuro brilhante para Israel. 

Ela chega à sepultura enquanto ainda está escuro. O evangelho de Lucas menciona outras mulheres se dirigindo ao sepulcro nesse dia, mas o evangelho de João fala apenas de Maria Madalena. Talvez por ela ter chegado primeiro, ou pelo relato estar alinhado com o caráter deste evangelho de João.

João é o discípulo amado, aquele que tinha intimidade suficiente para se reclinar sobre o peito de Jesus. Neste evangelho Jesus é mostrado como o Deus acessível ao homem, como aquele que saiu da glória para salvar o pecador. "Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou" (Jo 1:18).

Cerca de 1500 anos antes Moisés subiu a uma montanha que fumegava como uma gigantesca fornalha para encontrar-se com Deus e receber as tábuas da Lei. Qualquer que tocasse o monte seria fulminado. O chão tremia e uma nuvem espessa descia sobre o lugar. Enquanto trovões e raios rasgavam o céu, um som ensurdecedor apavorava o povo de Israel que aguardava na planície.

Foi em um cenário aterrador que Deus apresentou ao povo o padrão que jamais iriam atingir. "Faremos tudo o que o Senhor ordenou" (Êx 19:8), respondeu o povo em seu orgulho e pretensão. Por cerca de 1500 anos os judeus fingiram guardar os mandamentos de Deus, que só serviam para apontar que eles estarem fora dos padrões divinos. Não que a Lei de Deus seja ruim. Ela é perfeita. O problema está no homem.

Tudo mudou com a vinda de Jesus. "A Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo" (Jo 1:17). Graça e verdade são as marcas da atual dispensação. Em Jesus, Deus se deixa tocar. Aquele que é 100% divino passou a ser também 100% Homem. Duas naturezas em um mesmo Ser, o mistério da encarnação.

Porém Maria Madalena ainda não sabe disso. Para ela Jesus é o Messias prometido, aquele que traria de volta à Israel a glória do reino de Salomão, inaugurando uma era de paz e prosperidade. Mas ele está morto em um sepulcro fechado por uma grande pedra e lacrado. Mas espere! A pedra não está no lugar! Alguém violou o sepulcro! Maria sai correndo ao encontro de Pedro e João e dá o alarme: "Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o colocaram!".

Nos próximos 3 minutos, conheça o primeiro a crer sem ver.

 

 

 

 

298 O primeiro

 


Leitura: João 20:3-10

Pedro e João são pegos de surpresa. Maria Madalena, aflita e ofegante, chega do sepulcro de Jesus dando a eles a notícia: o corpo sumiu. A grande pedra foi tirada e o sepulcro está vazio! Pedro e João saem em disparada.

João é o primeiro a chegar, mas não entra na gruta escavada no barranco. Ele espia dentro e vê as faixas de linho que tinham sido enroladas no corpo de Jesus. Pedro chega, entra, e vê as faixas e também o lenço que tinha sido colocado sobre a face de Jesus. Ao contrário do que diz a lenda do Santo Sudário, o corpo de Jesus foi sepultado enrolado em faixas de linho, conforme o costume da época.

Alguns capítulos antes você viu a história da ressurreição de Lázaro, quando "Jesus bradou em alta voz: 'Lázaro, venha para fora!'. O morto saiu, com as mãos e os pés envolvidos em faixas de linho, e o rosto envolto num pano. Disse-lhes Jesus: 'Tirem as faixas dele e deixem-no ir'" (Jo 11:43-44). 

Lázaro, com as mãos e pés presos pelas faixas, foi incapaz de se livrar das faixas de tecido, mesmo depois de voltar a viver. Ele precisou de ajuda para isso. Se Jesus ressuscitou da mesma maneira que Lázaro, quem o ajudou a desatar as faixas? A menos que a ressurreição de Jesus tenha sido diferente. E foi.

Lázaro ressuscitou, porém iria morrer novamente depois. Era o mesmo corpo, apenas curado e revivido, mas ainda sujeito à doença, morte e degeneração. Jesus ressuscitou como primícias da nova criação, o protótipo dos que aguardam a ressurreição em um corpo de carne e ossos, porém celestial. Um corpo diferente.

Tão diferente que pôde sair de dentro daquele emaranhado de faixas de linho sem desenrolá-las ou rasgá-las. Tão surpreendente ao ponto de aparecer no meio dos discípulos numa sala com portas e janelas fechadas. Mas ao mesmo tempo tão real que comeu peixe e mel diante deles. Não era um corpo etéreo, um espírito ou assombração. Era o próprio Jesus, corpo, alma e espírito.

Depois de Pedro, João entra no sepulcro e aqui diz que "ele viu e creu" (Jo 20:8). Como assim creu? Creu em quê? Não há nada ali para crer, além de um sepulcro vazio e faixas de tecido! Exatamente. João creu no invisível, e é com o invisível que a fé se ocupa. Cremos em alguém que não vemos, em Jesus, que morreu para nossa salvação e ressuscitou para nossa justificação.

João agora entende passagens como a do Salmo 16: "Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará tranquilo, porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu santo sofra decomposição" (Sl 16:9-10). Quantas vezes Jesus falou de sua morte e ressurreição e os discípulos não entenderam? Quantas vezes você já ouviu a mesma história e ainda não entendeu?

Nos próximos 3 minutos Maria Madalena escuta alguém chamar seu nome.

 

 

 

299 Que Jesus voce procura?

 


Leitura: João 20:11-16

Enquanto Pedro e João voltam para casa, Maria Madalena permanece diante do sepulcro vazio. Ao contrário de João, ela ainda não entendeu que Jesus ressuscitou de entre os mortos. Seu coração continua aflito e angustiado como o coração de qualquer pessoa que percebe que a morte é inevitável, porém não desfruta da certeza da ressurreição e da vida eterna.

Ela decide espiar dentro do sepulcro e vê dois anjos vestidos de branco, sentados no local onde estivera o corpo de Jesus. Eles perguntam: "Mulher, por que está chorando?", e ela responde, "Levaram embora o meu Senhor, e não sei onde o puseram". Maria não percebe que são anjos, e nem há como saber. Afinal, os únicos seres angelicais que apareceram com asas na Bíblia são os querubins e serafins, duas classes especiais de anjos. Os demais sempre foram vistos em forma humana e falando a língua dos homens, e não alguma língua de anjos.

Maria percebe alguém se aproximando, e este repete a pergunta dos anjos: "Mulher, por que está chorando?", e acrescenta: "Quem você está procurando?". Maria pensa ser o jardineiro e suplica: "Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou e eu o levarei". Ela ainda não percebeu que está conversando com o próprio Jesus ressuscitado. "Maria!", diz ele, chamando-a pelo nome.

Só então Maria reconhece Jesus. O modo peculiar como Jesus a chama pelo nome imediatamente desperta nela uma avalanche de emoções. "Rabôni!", exclama ela em aramaico, que quer dizer "Mestre". Não irá demorar até Maria perceber que Jesus não é apenas o Mestre que ela e os outros conheciam. Logo ela entenderá que Jesus é o Salvador, o Emanuel, o Filho de Deus vindo em carne.

Será que você está como Maria, sem reconhecer Jesus? Procurando por um morto, quando ele vive? Ou quem sabe você esteja em busca do Jesus que multiplicou os pães, sem perceber que ele não veio trazer comida, mas levar pecados. Será que a sua busca é por um Jesus curandeiro, que lhe garanta mais alguns anos de vida capenga neste mundo? O verdadeiro Jesus quer lhe dar vida eterna! 

E o Jesus talismã, será este que você busca, para livrá-lo dos perigos, do mau olhado, das feitiçarias? Você deve estar brincando! A Palavra de Deus garante ao que crê em Jesus que "nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 8:38).

Maria procurava pelo Jesus Mestre. Muita gente pensa assim, acreditando que é pelo aprendizado que se chega ao céu, e que a salvação seja um interminável processo de evolução do espírito. Nos próximos 3 minutos você sentirá vergonha de um dia ter pensado que podia ser salvo por seus esforços para se tornar alguém melhor.

 

 

 

 

300 "Eu vi o Senhor!"

 


Leitura: João 20:17-18

Maria Madalena está surpresa. Diante de Jesus ressuscitado o desejo dela é que ele permaneça para sempre na terra com os discípulos. Como nos bons tempos, quando caminhava com eles ensinando, alimentando e curando a multidão. Ela não quer que isso termine nunca; ela quer segurá-lo por aqui. Mas Jesus avisa: "Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai" (Jo 20:17). 

Os discípulos não teriam mais a companhia física de Jesus na terra, pois ele precisava voltar ao Pai. Ao morrer, o espírito de Jesus voltou para Deus, cumprindo assim a promessa que havia feito ao malfeitor que morreu na cruz: "Hoje você estará comigo no paraíso" (Lc 23:43). Mas sua obra não estaria terminada sem a ressurreição, e este é o evangelho completo, do qual Paulo fala em 1 Coríntios 15: 

"Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei... Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei... que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15:1-4). 

Qualquer mensagem que não inclua a morte de Jesus pelos nossos pecados, e sua ressurreição para nossa justificação, não é o evangelho, "o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Rm 1:16). Se o grão de trigo não morresse, ele ficaria só. Mas ele morreu e agora a casa do Pai ficará cheia. Ao completar sua obra de redenção Jesus colocou os que são salvos por ele na mesma posição que agora ocupa diante do Pai.

Se você crê em Jesus, é essa obra, e não os seus próprios esforços, sua caridade ou perseverança, que permite a você chegar diante de Deus purificado, regenerado e adotado como filho. Você é colocado na mesma posição que Jesus agora ocupa diante do Pai. Você ouviu isso? Deus o vê como se estivesse olhando para Jesus: puro, perfeito e imaculado. Será que agora você não está envergonhado de ter tentado entrar no banquete que Deus preparou levando seu pão com mortadela de religião, boas obras e perseverança?

A mensagem que Jesus dá a Maria Madalena mostra a realidade dessa nova posição recebida por graça, e não por mérito: "Vá a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês" (Jo 20:17). Eles tinham sido chamados de servos e amigos. Agora Jesus os chama de irmãos; ganharam o lugar de filhos de Deus e co-herdeiros com Cristo. Se você já creu em Jesus, se já tem a certeza do perdão de seus pecados e da vida eterna, então agora você pode chamar a Deus de Pai. Só agora.

Maria Madalena corre contar tudo aos outros discípulos, começando pela notícia de tirar o fôlego: "Eu vi o Senhor!". Eles também verão, mas só nos próximos 3 minutos.